O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta semana, durante transmissão ao vivo por uma rede social, que o futuro indicado para o Supremo Tribunal Federal precisará ter dois atributos: ser evangélico e “tomar tubaína comigo”.

Bolsonaro já anunciou a indicação de Kassio Nunes Marques, católico e desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), para a vaga do ministro Celso de Mello, que antecipou a aposentadoria. No ano que vem, terá de indicar outro, para o lugar de Marco Aurélio Mello, que terá de se aposentar compulsoriamente porque completará 75 anos.

Bolsonaro declarou, na transmissão, que a amizade é critério “importante” para fazer a indicação dos ministros. Além de evangélico, o candidato a assumir a vaga de Marco Aurélio Mello terá de “tomar tubaína” com o presidente.

“A questão de amizade é uma coisa importante, não é? O convívio da gente. Eu vou indicar o ano que vem. Primeiro pré-requisito: tem que ser evangélico, ‘terrivelmente evangélico’. Segundo pré-requisito: tem que tomar tubaína comigo, pô”, disse Bolsonaro. Segundo ele, não basta que o currículo do candidato seja “maravilhoso”. Bolsonaro diz que só indicará se conhecer.

“Não adianta chegar um currículo agora aqui, maravilhoso, dez. Dez, o currículo, indicado por autoridades, dez. Mas se eu não conhecer, não vou indicar. O meu compromisso é com um evangélico”, afirmou. De acordo com o presidente, o indicado também precisará “conhecer gente” no Supremo e no Congresso.

“Quando no passado falavam que tinha que ter um negro, tinha que ter uma mulher, ninguém falava nada. Quando eu falo que tem que ter um evangélico… Mas não é só porque é evangélico, tem que ter conhecimento de causa também. Tem que transitar em Brasília, conhecer gente do Supremo, conhecer o parlamento.”

Bolsonaro afirmou ainda que a intenção ao indicar um ministro evangélico será defender interesses conservadores e “ganhar alguma coisa lá também”, em referência aos temas que são levados ao STF.

“Eu quero botar uma pessoa lá, não é para votar certas coisas e perder por 10 a 1, tudo. ‘Ah, eu votei contra’. Não. Eu quero que essa pessoa vote com suas convicções, de acordo com o interesse dos conservadores, mas que busque maneira de ganhar alguma coisa lá também”, disse. G1