Foto : Bruno Tadashi/Fecomércio-PR

O procurador da República Deltan Dallagnol recebeu apoio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), conforme diálogos obtidos pela defesa do ex-presidente Lula e enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo os diálogos, Dallagnol buscou uma ajuda no CNMP identificada como “Silvio”, que estava para assumir um cargo de conselheiro no CNMP. A ajuda foi requerida 11 dias depois de Lula entrar com um pedido de providências no CNMP contra Dallagnol pela conhecida coletiva do PowerPoint.

“Grande Silvio, o pedido de providências de Lula cita bastante a recomendação nº 39, de agosto de 2016. Contudo, ela não está disponível na página do CNMP, em pesquisa, mesmo quando pesquiso simplesmente as recomendações (ela não aparece na lista). Como posso checar se ela foi mesmo publicada e seu teor? Vc pode dar uma mão please? (Sic)”, disse Dallagnol.

“Xá comigo, amanhã está o texto em suas mãos. A questão é que essa recomendação recebeu embargos de declaração pela ANPR [Associação Nacional de Procuradores da República] e, provavelmente, o julgamento prosseguirá amanhã. É por isso que não publicamos”, respondeu Silvio.

Em 30 de setembro, Silvio conta para Dallagnol a repercussão do PowerPoint dentro do CNMP. “Outra coisa: a repercussão junto aos Conselheiros foi muito boa! Foi aquilo que lhe disse: apoiam o trabalho mas não vão deixar de comentar a questão da entrevista”. Dallagnol responde: “Hummmm obrigado Silvio. Se o tom for de crítica ou censura será ruim para a LJ [‘lava jato’]”.

Em 16 de março de 2017, Silvio declarou solidariedade a Dellagnol em uma conversa. “Meu irmão, minha total e irrestrita solidariedade a você. Eu sou combatente seu e vou ajudar-lhe no que estiver ao meu alcance! Fé em Deus!”, disse Silvio a Dallagnol. O julgamento do pedido de providências foi adiado 42 vezes e só foi apreciado pelo CNMP em agosto de 2020, quando o órgão decidiu não abrir um processo administrativo disciplinar contra o procurador. O procurador diz: “Valeu irmanito! Vc se refere à ação do Lula?”. “Sim, mano”, responde o conselheiro.