Foto: Ascom/ AL-BA

Em comparação com as disputas no Congresso Nacional, a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) foi um oceano de tranquilidade. Adolfo Menezes foi confirmado na direção da Casa pelo próximo biênio, após idas e vindas do acordo entre o PSD e o PP, selado em 2018 e ratificado pelo governador Rui Costa (PT). Os parlamentares baianos chegaram a um entendimento e à pacificação muito antes desta segunda-feira (1º), restando apenas algumas arestas internas no PSB e até na oposição.

A minoria, todavia, chegou a um denominador comum logo cedo e garantiu três nomes na Mesa Diretora. É parte da regra de proporcionalidade das bancadas, porém o movimento de garantir o apoio à candidatura de Adolfo há algum tempo permitiu que isso fosse cumprido sem grandes entraves. Como a oposição é um grupo bem reduzido, a estratégia de sobrevivência na AL-BA funcionou e os nomes indicados pelos deputados foram validados com o apoio da bancada de governo.

A faísca de desentendimento coube à disputa entre Marcelinho Veiga e Fabíola Mansur. Após um sinal de que o cachimbo da paz teria sido acendido, houve o bate-chapa entre os dois socialistas com a vitória de Veiga. O jovem deputado é herdeiro político de Marcelo Nilo e comprovou que ainda há ascendência do antigo presidente sobre aliados do passado. Fabíola até relutou, mas não conseguiu vencer no voto o correligionário.

A chegada de Adolfo Menezes à presidência, da forma como aconteceu, não trará grandes surpresas do ponto de vista político. Esse foi, inclusive, o tom adotado por ele após a confirmação da eleição. A fala foi construída previamente para não dar espaço para improvisos e seguiu bem o script para o futuro dirigente. Pautou assuntos importantes da agenda política, a exemplo da saída da Ford da Bahia e a crise com a pandemia do novo coronavírus. Chegou a pincelar a defesa da democracia, mas de maneira tangencial – esse tema é atualmente mais nacionalizado.

O futuro presidente prometeu ter uma gestão participativa, disposta a ouvir os pares e a manter o respeito pelos servidores e colaboradores da AL-BA. Mesmo que tenha havido registros de tensão com o antecessor, Nelson Leal (PP), quando o então presidente articulou uma recondução ao cargo, Adolfo foi discreto. Agradeceu o governador Rui Costa, no mesmo tom adotado para outras figuras políticas como os senadores baianos, e fez até mesmo uma referência ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Agora é esperar para ver como o novo dirigente se comporta. (Por Fernando Duarte/Bahia Notícas)