Foto: Rafaela Ribeiro/G1 BA

O Bahia é o segundo estado do país onde mais se desmatou áreas de Mata Atlântica entre 2018 e 2019, de acordo com o relatório “Atlas da Mata Atlântica”, divulgado na quarta-feira (27), pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas (INPE). Entre 1º de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, foram abatidos 3.532 hectares de área de Mata Atlântica no estado (1 hectare equivale a 10 mil m²). A Bahia só ficou atrás do estado de Minas Gerais, onde 4.972 hectares foram abatidos. No Brasil inteiro, foram 14.502 hectares de área de Mata Atlântica desmatada, um aumento de 27% em relação ao ano passado.

Os números mostram um retrocesso no combate à degradação do meio ambiente por parte do estado, depois de anos de evolução nesse aspecto, por culpa de um entendimento equivocado do Governo do Estado e de um posicionamento permissivo do Governo Federal, na opinião de Mário Mantovani, geógrafo e diretor de políticas públicas do SOS Mata Atlântica. Em entrevista ao G1, ele criticou a postura do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).

“O Inema está dando autorizações para supressão de Mata Atlântica sem levar em consideração a lei, o que é perigoso, porque pode levar a ações na Justiça, como aconteceu com o ministro (do meio ambiente, Ricardo Salles)”, afirmou. “A Bahia é um dos únicos estados com autorização do desmatamento onde não pode, por isso que recrudesceu. E também o pessoal achou que liberou geral, pelo mau comportamento do Governo Federal”. Os números divulgados nesta quarta mostram que, em relação ao ano passado, o desmatamento da Mata Atlântica na Bahia saltou de 1.985 hectares para 3.532 hectares, um crescimento de 77%.

Para Mário Mantovani, o estado precisa de um “freio de arrumação”. “A gente precisa criar um freio de arrumação na Bahia, criar esses incentivos, voltar a fazer os planos municipais de Mata Atlântica, porque quando se fala de desmatamento e você chega na Mata Atlântica, você tem atividades que já estão estabelecidas, já estão certificadas, por exemplo, a celulose. Do conflito que era do começo para hoje, houve uma evolução sideral, vamos dizer assim. E aí agora você põe em risco que já tem uma atividade regular para atender um governo que é irresponsável”, disse.

“Estão rasgando as regras para atender grupos de interesse, como a gente viu em Porto Sul, por exemplo, que, inclusive, conflita com atividades do turismo”. Procurado pela reportagem, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) afirmou, por meio de nota, que toma como surpresa os dados apresentados porque “a Bahia tem alcançado resultados promissores na detecção remota do desmatamento ilegal no Estado”. O Inema diz ainda que, apesar dos “expressivos resultados alcançados”, não é hora de arrefecer os trabalhos. G1