Foto : Carolina Antunes/PR

O general Eduardo Pazzuello perdeu a guerra contra a Covid, mas caiu atirando. Disse, sem citar nomes, que foi demitido porque não atendeu a políticos que queriam ‘um pixulé’.

Claro que Pazzuello caiu a pedido dos políticos. Com a ressalva de que, na real, ele foi o bode expiatório do fracasso federal na briga contra a Covid. O episódio mostra outra vertente importante: cada vez mais o presidente se distancia dos radicais e cede ao Centrão, obviamente pensando em 2022.

Noutras palavras, cada vez mais ele pisa fundo no modelo clássico da governança presidencial, o ‘é dando que se recebe’ ou o toma-lá-dá-cá. E o centrão agora quer as cabeças de Eduardo Araújo, o ministro das Relações Exteriores que enxota vendedores de vacinas como os chineses; e Ricardo Salles, o do Meio Ambiente, que parece estar lá para destruir ao invés de preservar.

Na hora H

Dizem em Brasília que o medo presidencial vem de Lula, que nos seus tempos de presidência jogou muito bem com o Centrão. E em 2022 essa galera fica com quem? Vai ficar com quem estiver melhor.

Bolsonaro já tem na própria vivência uma lição que se não serve só para ele, mas merece atenção coletiva: xingar é uma coisa. Governar, outra.

A primeira opção qualquer moleque de esquina faz. A segunda, vence quem atinge maior índice de acertos. A julgar pelos panelaços, que é coisa de classe média, ele vai ter muito trabalho para acertar.

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.