Candidatas nas eleições de 2018 pelo PSL declararam gasto de até R$ 380 por voto enquanto a média é de R$ 10, segundo informou a Polícia Federal nesta segunda-feira (29). A suspeita é que houve fraude no repasse pelo partido de recursos para a cota feminina e que as candidatas devolveram valores. Nesta segunda-feira (29), gráficas declaradas como prestadoras de serviços foram alvo da Operação Sufrágio Ostentação.

As mulheres tiveram votações pouco expressivas, embora tenham recebido dinheiro da sigla, o que levantou a suspeita de uso de candidaturas-laranja. À época, o atual Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, presidia o diretório regional, mas ele não foi alvo direto da operação.

“Algumas candidatas do PSL faltaram com a verdade na sua prestação de contas no TRE. […] A gente fez uma pesquisa e verificou que o custo médio do voto para um candidato por eleitor é de R$ 10. Nessas candidatas, o valor custo por voto chegou a R$ 380 em alguns casos, de R$ 80 a R$ 380 e, por isso, gente verificou que é um voto muito caro”, disse o delegado Marinho Rezende, chefe da Delegacia de Defesa Institucional, da Polícia Federal.

Segundo ele, o valor alto justifica o nome da Operação Sufrágio Ostentação. Os mandados foram expedidos pela 26ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, e a operação recebe o nome “Sufrágio Ostentação”. Houve a apreensão de documentos relativos à produção de material gráfico de campanhas eleitorais.

De acordo com a Polícia Federal, nesta fase da operação, o objetivo é verificar se os recursos declarados como destinados à produção de material gráfico de candidatas realmente foram usados para esta finalidade ou se foram desviados para itens gráficos de outros candidatos”, disse o delegado Renato Madsen, Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, que também participou da coletiva. Não há um levantamento de quanto pode ter sido desviado.

É apurado se as supostas irregularidades envolveram dezenas de candidaturas femininas em Minas Gerais. Até o momento, 30 pessoas foram ouvidas no inquérito.

“Estamos investigando todas as candidatas do sexo feminino do PSL, mas existem aquelas que receberam montantes maiores e que evidentemente indicam que houve essa devolução de valores”, afirmou Rezende.

A investigação foi aberta após o Ministério Público Eleitoral pedir a suspensão dos processos de prestação de contas de ao menos seis candidatas. Os casos foram relatados em reportagens do G1 e TV Globo. O número de envolvidas pode ser maior.

Durante a coletiva nesta segunda-feira (29), os nomes das candidatas e demais pessoas ouvidas não foram informadas. Segundo Rezende, há indícios expressivos em ao menos quatro casos. “As que apresentaram divergências mais relevantes são quatro. As que receberam valores elevados negaram que tivessem feito qualquer tipo de devolução de valores”, disse Rezende.

Por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos devem repassar 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para candidaturas de mulheres. Informações do G1