(Marina Silva/Arquivo CORREIO)

Era 2021 quando o folião Marcelo Sousa (nome alterado a pedido da fonte) comprou seu abadá para curtir o domingo com Bell Marques no Camaleão. 2021? Isso mesmo. Ele acreditava que ia rolar o carnaval naquele ano, mesmo com a pandemia do coronavírus. Os índices de vacinação e aumento no número de casos da época não permitiram. Ficou para 2022. Não rolou novamente. Chegou 2023, agora vai.

Na época, Marcelo comprou dois abadás: um para ele e outro para a namorada. O namoro, no entanto acabou. O abadá ficou. Ele decidiu vender. Na época, Marcelo comprou a camisa por R$800. Menos de 20 dias antes do início oficial do carnaval de Salvador, ele está revendendo por R$1,8 mil e garante: já achou pelo menos 6 interessados. Está aguardando o negócio se concretizar. “Já vai ser o dinheiro para beber no carnaval todo”, conta rindo. Ele preferiu não se identificar.

O Camaleão é um exemplo de bloco que já teve suas vendas encerradas porque esgotou. O bloco, puxado por Bell Marques desde 1990, não tem mais camisas disponíveis para o domingo, seu dia mais tradicional. Quem quiser curtir a corda de Bell agora só consegue indo nos outros dias (Segunda e terça de carnaval) ou comprando com cambistas. Na Central do Carnaval, os dias restantes são vendidos a R$1390 e R$1290, respectivamente.

Procurada, a Central do Carnaval não respondeu os questionamentos do CORREIO sobre o ritmo das vendas para os blocos de Carnaval. O fato é que a festa também é uma oportunidade para quem quer trabalhar com a revenda de blocos.

Também fã de Bell, o psicólogo Flávio Santana, 34, comprou um abadá extra pensando justamente na revenda. Ele conta que, em 2020, fez o mesmo e conseguiu vender, no próprio domingo, a camisa por R$1,5 mil. Ele comprou com antecedência por mil reais.

“Vale a pena, é muito difícil tomar prejuízo porque é um bloco muito requisitado. Sempre me planejo para comprar uma camisa a mais e fazer essa revenda. Um dinheirinho a mais no carnaval não faz mal a ninguém, né? Compro sempre no final de um carnaval, pago devagarinho as parcelas e revendo no ano seguinte”, explica.

Cuidados
É importante seguir algumas dicas para não transformar a folia em pesadelo. Uma das primeiras coisas a se observar em caso de compra por revenda com cambista é o valor. Compare o preço do bloco nos sites oficiais de venda com o que está sendo oferecido. Caso esteja muito abaixo do preço, é importante ficar com o pé atrás.

Observar o modelo também é outra dica de ouro. Os blocos costumam divulgar como será o abadá com antecedência, portanto confira direitinho se aquela camisa oferecida é a mesma divulgada pelo bloco ou camarote em seus canais de comunicação.

Uma terceira dica é: blocos e camarotes mais caros, como o próprio Camaleão, costumam colocar um selo de alto relevo ou emborrachado no abadá. Na divulgação do modelo, informam onde fica o selo. Confira e compare com o que está comprando na mão de terceiros. No caso de camarotes, um outro alerta: alguns abadás vêm acompanhados de um cartão, que é utilizado para fazer o controle de comida e bebida dentro do espaço. Cheque se o que você quer ir tem esse dispositivo e cobre do vendedor. Correio da Bahia