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A Polícia Federal vai investigar as circunstâncias da indicação do delegado Rivaldo Barbosa para chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro em março de 2018, afirmou ao blog o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. A nomeação foi assinada pelo então interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro, general Braga Netto.

Em nota, o ex-interventor afirmou que a indicações para a Polícia Civil eram realizadas por Richard Nunes, general que foi nomeado por Braga Netto para ser o secretário de Segurança Pública do Rio, pasta que respondia a Braga Netto durante a intervenção.

“A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a de Defesa Civil e Penitenciária”, diz a nota, sem mencionar o nome de Richard Nunes (leia a íntegra da nota mais abaixo).

“Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área de segurança pública no RJ”, diz outro trecho da manifestação da defesa de Braga Netto.

O relatório da Polícia Federal que embasou os pedidos de prisão mostra que a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro desabonou a indicação dele para o cargo.

Mesmo assim, o general Richard Nunes, decidiu nomear Rivaldo. Em depoimento, Nunes afirmou que resolveu desconsiderar a recomendação da Subsecretaria de Inteligência pois a recomendação não se pautava em “dados objetivos”.

A indicação de Barbosa, que assumiu o cargo um dia antes da execução da vereadora, estava a cargo da intervenção federal no Rio de Janeiro – então comandada pelo general Walter Braga Netto.

Braga Netto foi o interventor federal no Rio em 2018, quando a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Torres foram assassinados. A intervenção começou em fevereiro de 2018, quando Braga Netto foi indicado pelo então presidente Michel Temer.

Barbosa assumiu o posto um dia antes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Neste domingo (24), Barbosa e outros dois foram presos como supostos mandantes do crime.

Os detalhes dos próximos passos da investigação serão relatados em entrevista coletiva do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ainda neste domingo (24). Se há muitos anos os nomes dos irmãos Brazão eram citados por quem investiga os mandantes da morte, a prisão do delegado foi uma surpresa até para a família de Marielle.

Segundo delatores, Rivaldo teria garantido aos irmãos Domingos e Francisco Brazão, também presos como supostos mandantes, que as investigações sobre o crime não andariam. G1