Estimulada com o propósito inicial de impedir a filiação do presidente da Conder, José Trindade (PSB), ao PT, a candidatura à Prefeitura de Salvador do deputado estadual Robinson Almeida ganhou tração entre os vereadores e candidatos à Câmara Municipal na federação da qual os petistas fazem parte, junto com PCdoB e PV, que agora podem se transformar num verdadeiro obstáculo para que a cúpula da sigla retire o parlamentar da disputa.
Os vereadores e candidatos temem que, se executado o plano traçado pelas lideranças petistas de remover Robinson em favor do candidato do MDB, Geraldo Jr., os partidos tenham dificuldade para manter suas posições na Câmara, onde hoje possuem sete vereadores – quatro do PT, dois do PCdoB e um do PV. Aliás, pelos cálculos feitos hoje na Câmara, o PT seria o maior prejudicado na hipótese de o partido não lançar candidatura majoritária.
Estima-se que apenas a vereadora Marta Rodrigues conseguiria se reeleger, por causa da condição privilegiada de irmã do governador Jerônimo Rodrigues (PT). “Seria um vexame a irmã do governador não se reeleger, por isso é esperado que ele se empenhe em dar a ela 30 mil votos em Salvador, mas isso não salva a bancada nem o número de vereadores que o PT conseguiu eleger em Salvador em 2020”, diz uma fonte petista.
Ela relata a preocupação que os vereadores do partido têm vivido desde que ficou claro que não há interesse na cúpula do partido em manter o parlamentar candidato à Prefeitura. Naquela eleição, o PT conseguiu eleger quatro vereadores: Carlos Suíca, Tiago Ferreira, a própria Marta e Maria Mariguela, cuja vaga passou a ser ocupada por Arnando Lessa desde que a vereadora foi nomeada pelo governo Lula à presidência da Funarte, em fevereiro último.
Então, o partido conseguiu a performance na Casa mesmo tendo como candidata à Prefeitura a Major Denice Santiago, uma militar sem atuação política pregressa que foi filiada repentinamente ao PT e lançada de última hora. A análise de que, na federação, o PT será o maior prejudicado com uma eventual renúncia de Robinson decorre de especificidades das três agremiações, conforme os próprios vereadores.
Diferentemente da sigla que comanda o governo da Bahia, o PCdoB, por exemplo, é considerado um partido mais fechado, no qual a liderança fecha com as candidaturas que decide eleger. No PV, o vereador André Fraga teria a reeleição assegurada porque é aliado do prefeito Bruno Reis (União Brasil), que tem total interesse na renovação de seu mandato.
Por outro lado, a lógica se inverteria em favor do MDB, caso seja do partido o candidato à Prefeitura. Hoje, os emedebistas possuem um vereador, Alfredo Mangueira, na Casa. Na eventualidade de encabeçarem a chapa, podem eleger até mais dois vereadores. Política Livre
