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A trinca do Centrão que dá sustentação política ao presidente Bolsonaro pode rachar no apoio à reeleição do presidente da República. Hoje, PP, PL e Republicanos formam o bloco que apoia o presidente nas pautas do Congresso – e são as legendas que integram o comitê de pré-campanha de Bolsonaro.

Ocorre que Marcos Pereira, presidente do Republicanos, avisou a aliados nos bastidores que pode desembarcar caso o governo não faça ajustes nas definições dos partidos de novos candidatos bolsonaristas durante a disputa de 2022. As filiações q ocorrerão durante a janela partidária. O Republicanos tem cobrado apoio do Planalto à filiação no partido de candidatos competitivos para, se eleitos, turbinarem o tamanho da bancada federal do partido no Congresso de 2023.

A crise está na mesa do governo desde o final de 2021. O Republicanos, além de ser do Centrão, é um partido com uma bancada expressiva e com muitos parlamentares evangélicos – outro setor de apoio do presidente.

Em 2021, Pereira já havia dito ao próprio presidente Bolsonaro que, se o presidente se filiasse ao PP ou PL, ele precisaria ajustar com os outros partidos. Ou seja: como o PL de Valdemar Costa Neto levou a filiação de Jair Bolsonaro e outros nomes que podem puxar votos, como o deputado Eduardo Bolsonaro, o Republicanos quer também nomes do governo que possam ajudar a turbinar a sua bancada na Câmara.

Por exemplo, gostaria de filiar a ministra Damares Alves para disputar uma vaga pela Câmara dos Deputados pelo Distrito Federal. Na conta do partido, ela teria muitos votos, o que poderia ajudar a eleger outros parlamentares, aumentando, assim, o tamanho da bancada do Republicanos.

Ocorre que, Damares, que é evangélica, ainda não decidiu se sairá candidata e, se sair, foi aconselhada a fazê-lo pelo PL – o que irritou a cúpula do Republicanos. Outro nome bolsonarista que o partido gostaria de filiar e soube que o presidente pediu para ir para o PL foi o de Luciano Hang. O empresário, alvo de inquérito no STF, pode sair candidato pelo estado de Santa Catarina. Apesar da sondagem do Republicanos, Hang deve acompanhar Bolsonaro no PL.

Diante desses episódios, o Republicanos parou de frequentar as reuniões de pré-campanha de Bolsonaro. Argumenta, nos bastidores, que o presidente deveria equilibrar o jogo: já que a Presidência é do PL e a vice pode ser do PP ou do próprio PL, Bolsonaro deveria distribuir candidatos no Republicanos para, dessa forma, fazer um gesto ao partido que quer ampliar o seu tamanho na Câmara. É o tamanho da bancada na Câmara e no Senado que define o poder dos partidos.

Flavio Bolsonaro, que comanda a campanha do pai, confirmou ao jornal ‘O Globo’ que o Republicanos está afastado. O partido espera um gesto do Planalto para decidir se oficializa o apoio ao presidente, se libera a bancada ou se se declara neutro. Se não oficializar, Bolsonaro não contará com o tempo de TV do partido. Por Andréia Sadi/G1