O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, enfrenta cada mais dificuldades de se manter no cargo e a defesa de mudança no conteúdo dos livros didáticos com o objetivo de passar a interpretação de que não houve golpe em 1964.

De acordo com reportagem de Igor Gielow, publicada no jornal Folha de S.Paulo, “integrantes da ativa e do núcleo militar do governo Jair Bolsonaro que a afirmação feita na quarta (3) pelo ministro Ricardo Vélez sobre a narrativa histórica do golpe é apenas uma tentativa dele para manter-se no cargo. Eles farão chegar ao presidente Jair Bolsonaro que a paciência com o ministro acabou”.

“Isso porque os fardados, em sua maioria, compartilham a ideia de que o golpe militar que completou 55 anos no domingo passado (31 de março) foi um movimento decorrente de uma mobilização de parcela expressiva da população contra o que chamam de risco de tomada comunista do poder. A derrubada do governo de João Goulart e os subsequentes 21 anos de ditadura teriam de ser inseridos nessa visão, segundo essa interpretação”, destaca a matéria.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Vélez negou o golpe de 1964. “A história brasileira mostra que o 31 de março de 1964 foi uma decisão soberana da sociedade brasileira. Quem colocou o presidente Castelo Branco no poder não foram os quartéis”, disse.

“Foi a votação no Congresso, uma instância constitucional, quando há a ausência do presidente. Era a Constituição da época e foi seguida à risca. Houve uma mudança de tipo institucional, não foi um golpe contra a Constituição da época, não”, completou.

O titular da pasta já está desgastado com as indicações que fez para cargos no ministérios. São mais de 10 demissões de funcionários da pasta.

Uma polêmica recentes envolveu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, que foi exonerado, após a publicação de uma portaria que adiava para 2021 a avaliação da alfabetização de crianças, o que foi revogado. O ex-dirigente afirmou que assinou a portaria com respaldo do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim.

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, Rodrigues afirmou que o ministro “gerencialmente incompetente” e “não tem controle emocional” para comandar a educação brasileira. Outra polêmica foi a permissão para a compra de livros com propagandas ou até mesmo erros de português. O edital foi anulado.

Em fevereiro, Veléz também afirmou à Revista Veja que o brasileiro é um “canibal”. “Rouba coisas de hotéis, rouba o assento do salva-vidas do avião. Ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”, afirmou.

No final daquele mês, o ministro assinou uma carta para ser enviada a diretores de escolas pedindo a filmagem de crianças cantando o hino nacional e que proferirem o slogan da campanha de Bolsonaro – “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. (Brasil247)