Foto: Valter Pontes/Secom

Rompido desde fevereiro com o ministro da Cidadania, o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM) tem atuado para impedir a possível candidatura de João Roma (Republicanos) ao governo da Bahia na eleição do próximo ano, segundo apurou a Tribuna com os aliados do democrata. Neto entende que uma eventual postulação de Roma pode prejudicar o seu plano de chegar ao Palácio de Ondina, já que perderia uma fatia do eleitorado baiano para o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A estratégia de Neto, segundo disseram aliados à reportagem, é criar dificuldades para a candidatura da esposa de João Roma, Roberta Roma (Republicanos), à Câmara dos Deputados. O ministro quer lançar a mulher para o Legislativo a fim de guardar sua cadeira e, ao mesmo tempo, deseja disputar o governo da Bahia. O ex-prefeito entende que, se Roma não tiver certeza de que a companheira será eleita, ele desistirá do Palácio de Ondina e será candidato à reeleição para se manter no cenário político.

Neto, então, pediu para os correligionários criar empecilhos para Roberta Roma, e avisou que “não vai admitir” que deputados estaduais da sua base política façam dobradinha com a esposa do ministro. O ex-prefeito não teria gostado nada da foto de um “beijo apaixonado” do deputado estadual Luciano Simões Filho (DEM) em João Roma. Especula-se que o parlamentar democrata teria intenção de fazer uma dobradinha com Roberta. No entanto, Neto teria reclamado com Luciano, e avisado que ele terá de escolher de que lado político ficará.

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado em agosto mostra que o ex-prefeito soteropolitano mantém a liderança na disputa ao governo da Bahia, mas perde uma parte do eleitorado com a candidatura de Roma. O democrata tem hoje 52,3% das intenções de votos. O ministro aparece com 4,5%, mas quando o eleitor sabe que ele tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro sobe para 13,7%.  Já quando o eleitorado sabe da possível dobradinha de Neto e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o democrata cai para 37,9%.

Neto tem evitado falar sobre a possibilidade de Roma entrar na corrida eleitoral. Em entrevista à rádio Caraíbas FM, em Irecê, neste mês, ele disse que não tem conversado com o ministro há seis meses, e não sabe responder se o ex-aliado entrará na briga pela gestão estadual. Na entrevista, Neto afirmou que “o cara era meu amigo”. “Quando se fala aí que João Roma pode ser pré-candidato ao governo, não sei se vai ser. Não sei. Eu não posso responder e nem quero responder por ele. O cara era meu amigo. A gente tinha um convívio quase que diário, por mais de 20 anos. Ele veio de Pernambuco para Bahia. Eu o acolhi, né. Eu apenas não, eu, minha família, meus amigos, está certo? E, de lá para cá, desde o dia que ele foi nomeado ministro para cá, nós não tivemos um contato sequer. Uma troca de telefonema, não houve. Então, eu acho que isso deixa evidente (que não houve jogo combinado). Em relação ao futuro, eu não sei nem quero lhe antecipar”, declarou. Tribuna da Bahia