Bruno Spada / Câmara dos Deputadas

O depoimento do ex-chefe do GSI, general Augusto Heleno, é o mais esperado de todos pelo entorno bolsonarista. O militar revelou a pessoas próximas ter ficado revoltado por ter sido “jogado aos leões” por Bolsonaro quando veio à tona o vídeo de uma reunião ministerial em que ele, Heleno, fala em infiltrar espiões em campanhas eleitorais.

Heleno é alvo de investigação em duas frentes: tentativa de golpe e uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para bisbilhotar adversários políticos e proteger a família Bolsonaro.

O general não deveria ficar surpreso com atitude de Bolsonaro. O ex-presidente declarou em junho de 2019 que seus ministros eram como “fusíveis”, ou seja, “para evitar queimar o presidente, eles se queimam”. Heleno, portanto, é mais um fusível queimado.

Há uma grande expectativa também sobre o que o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, falará sobre a manutenção dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis. A Polícia Federal quer saber se a ordem partiu de Bolsonaro.

Até agora, não se pode afirmar como Freire Gomes entrará para a história: se ele se omitiu, mesmo sabendo da trama golpista, como apontou a CPMI de 8 de janeiro, ou se foi o comandante que barrou o golpe.

Os que defendem que sua biografia seja preservada contam que Freire Gomes detectou que Bolsonaro pretendia substituí-lo pelo general Estevam Theophilo, apontado pela Polícia Federal como entusiasta do golpe. Theophilo estava entre os cinco mais antigos do Alto Comando e já havia um precedente na escolha, ignorando o princípio da antiguidade: Villas Boas era o quarto mais antigo quando foi nomeado para chefiar o Exército. A tranquilidade é em relação a Braga Netto. Não há ninguém com a imagem mais queimada na três Forças do que ele. G1