Foto: Bruno Leite / Bahia Notícias

A disputa pela escolha do candidato a prefeito no campo do governo Jerônimo Rodrigues (PT) definitivamente polarizou internamente entre o vice-governador do Estado, Geraldo Jr., do MDB, e o deputado estadual Robinson Almeida (PT). Mas a expectativa é de que por pouco tempo e com vantagem para o primeiro, preferido para disputar a sucessão contra o prefeito Bruno Reis (União Brasil) do senador Jaques Wagner e do governador, que só aguardam o momento mais adequado para lançá-lo ao pleito. Aliás, esta coluna arrisca até um palpite sobre quando o anúncio de Geraldo Jr. como candidato pode ser feito: ainda nesta primeira quinzena de novembro.

E não adianta irritação de Robinson, do tipo que ele gosta de manifestar com a imprensa quando se sente contrariado. Na verdade, fosse um articulador e tivesse algum tirocínio político, o deputado deveria exultar com a janela de oportunidade que se abriu com a suspensão temporária do anúncio do nome do emedebista depois que o plano da cúpula petista vazou, aproveitando para fortalecer seu nome nas bases partidárias e tornar sua candidatura difícil de reverter por Jerônimo e Wagner em favor da de Geraldo Jr. Neste meio tempo, articular uma chapa com a pré-candidata do PCdoB, Olívia Santana, como sua vice, poderia ser, por exemplo, um contra-golpe certeiro.

Preferiu, no entanto, assim como o pequeno grupo de radicais que o acompanha no projeto eleitoral soteropolitano, negar o óbvio. Paciência. O risco de ser entubado permanece grande. Aliás, a escolha de Geraldo só não ocorre esta semana por um erro do próprio emedebista. Imprudente, ele deu com a língua nos dentes sobre o conteúdo da reunião da qual teria participado com Wagner, Jerônimo e o líder do governo na Assembleia, Rosemberg Pinto, no último domingo, na qual foi batido o martelo de que seria ele o candidato a prefeito do grupo governista. O vazamento melou o plano de apresentação da candidatura para este fim de semana.

Por causa do deslize, o emedebista teria tomado ao menos duas broncas dos líderes petistas, indignados com a pressão advinda do próprio PT e do PCdoB que se seguiu à divulgação da informação, o que acabou forçando uma mudança no calendário que havia sido definido. Como resultado de toda má condução de uma operação estrategicamente importante, uma vítima já está dada: a unidade, que não convém que saia a fórceps e, desde o princípio, era vista como essencial para assegurar pelo menos um razoável nível de competitividade ao candidato escolhido. A indignação provocada em petistas e comunistas contra o vice-governador e o MDB é péssimo sinal.

Os ataques dirigidos ontem a ambos num site local visivelmente municiado por fontes petistas deixa claro o estrago que se produziu na teia de relações da base governista entre seus principais players num momento em que tudo de que não se precisa é animosidade. Um indicativo de que o apelo para que Robinson saia de cena em favor de Geraldo pode até se processar, estendendo-se a Olívia, mas feridas surgirão com tempo curto para cicatrizar até a campanha. O clima em que transcorrerá a Conferência Municipal que o PT realiza neste sábado, quando Geraldo poderia ter sido anunciado se não tivesse falado demais, precisa ser observado de camarote. Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna/Política Livre