Foto: José Cruz / Agência Brasil

Enquanto articulava sua recondução ao cargo de chefe do Ministério Público Federal (MPF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, segurou por mais de 120 dias investigações contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL). É dele a competência de escolher o nome para o cargo.

Segundo a Folha de S. Paulo, apenas na última terça-feira (6), Dodge desengavetou os documentos e os devolveu à primeira instância. Coincidentemente ou não, foi na semana passada que o nome dela perdeu força para seguir no posto.

A matéria lembra que um dos casos em apuração é o de Walderice Conceição, mais conhecida como Wal do Açaí. A mulher, que mora em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, foi apontada como funcionária fantasma do gabinete do presidente quando ele era deputado federal.

O outro caso é o de Nathalia Queiroz, ligada ao gabinete de Bolsonaro na Câmara quando atuava como personal trainer. Ela é filha de Fabrício Queiroz, ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Em resposta à Folha, a assessoria de imprensa da PGR justificou que a análise dos documentos respeitou a fila, sem conceder privilégios por se tratar de uma autoridade.

Além disso, eles afirmam que Dodge só soube dos procedimentos dois dias antes de remetê-los de volta à instância inferior. Ao devolver os processos, ela argumentou que não havia justificativa para que a primeira instância declinasse de sua atribuição em relação às investigações.

MANDATO NO FIM

O mandato atual de Dodge se encerra no dia 9 de setembro. Tradicionalmente, os presidentes escolhem um nome entre os indicados na lista tríplice feita pelos membros do Ministério Público Federal (MPF).

Mas Bolsonaro deixou claro que indicaria um nome de sua escolha, sem se restringir às sugestões do MP, uma vez que ele não é obrigado segui-las. Diante desse quadro, Dodge, que não se candidatou à lista, estava correndo por fora até que começou a perder força na disputa.

Os candidatos oficiais são Mário Bonsaglia, Luiza Frischeisen e Blal Dalloul, eleitos nesta ordem. Além deles, os subprocuradores Paulo Gonet e Augusto Aras, que é baiano, estão entre os demais nomes cotados. A expectativa é de que Bolsonaro anuncie o sucessor de Dodge até o fim da semana.