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Os famosos aviões agrícolas e grandes pulverizadores comumente utilizados no oeste baiano, região que detém destaque nacional na produção de grãos, estão sendo substituídos, aos poucos, por drones agrícolas. A tecnologia de ponta é um dos destaques da Bahia Farm Show, a segunda maior feira do agronegócio brasileiro e a mais importante do Norte Nordeste.

Esta é a 18ª edição do evento, que agita Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado, e movimenta um grande volume de recursos em negócios. A expectativa é de um volume de vendas superior a R$ 8 bilhões. Boa parte desses valores será fruto do aumento da procura por drones agrícolas.

De acordo com especialistas, na última década os aviões agrícolas e grandes pulverizadores começaram a ser trocados por drones, por diversos fatores, entre os quais redução de custos e aumento da capacidade produtiva no campo.

Roberto Cezec é gerente de uma loja especializada na venda de drones agrícolas e contou ao g1 sobre a rápida evolução deles. “Os drones agrícolas, em 2017, tinham capacidade de carga de 5 litros de pulverizador. E hoje estamos falando de drones com capacidade de carga de 50 litros. Então perceba como aconteceu a evolução nesse período e pense no que teremos um pouco mais para frente”, comentou.

Ele detalhou que os equipamentos maiores, mais modernos, têm capacidade de atender mais de 900 hectares de terra, correspondente a 900 campos de futebol ou 90.000.00 metros quadrados.

“Falando de custos, um produtor vai pagar de R$ 1,5 a R$ 2 milhões em um pulverizador. Um drone deste custa R$ 250 mil. Claro que um pulverizador vai atender uma área maior, mas se você for olhar o que um pulverizador tem, você compra dois drones e vai fazer a mesma coisa, com um custo muito menor”, comparou.

No estande da empresa onde Roberto trabalha, duas estudantes de agronomia de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, ficaram impressionadas com as possibilidades oferecidas pelos drones. Sabrina Santos e Liliana Silva visitaram a feira pela primeira vez, para pesquisa de campo sobre o uso dos equipamentos em pastagens.

“Não só na região de Vitória da Conquista, mas nas cidades próximas, como Itapetinga, Itambé, Belo Campo, está crescendo muito a atividade pecuária, a agricultura, e consequentemente a pulverização. Os drones são ótimas opções, por serem mais baratos, mais fáceis de manusear”, disse Sabrina.

Para o uso de drones no agronegócio, os equipamentos devem estar homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e registrados na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os voos precisam obter autorização de uso do espaço aéreo junto à Aeronáutica, além de contar com avaliação de risco operacional e seguro com cobertura de danos a terceiros.

Liliana complementou que os equipamentos são eficientes para reduzir a compactação do solo, efeito negativo causado pelo uso excessivo do trator, devido à pressão provocada pelos pneus. Nessas condições, a terra diminui o crescimento das raízes, predispondo a planta à morte e favorecendo o processo de erosão hídrica do solo.

A empresa que representa o maior drone agrícola do mercado, com capacidade para 60 litros, está presente na Bahia Farm Show. João Victor Santos trabalha na fábrica da companhia sediada em Ilhéus, no sul da Bahia. Segundo ele, “hoje tem cliente abandonando pulverizador”.

“Quando o pulverizador não pode trabalhar ou o avião não pode, o drone sempre pode. A exemplo de dias com chuva, para não atolar o pulverizador ou que o avião não pode decolar, ou, ainda, muito próximo a áreas urbanas, o drone sempre pode atuar com eficácia”, explanou.

A Bahia Farm Show 2024 vai até o próximo sábado (15). A feira é uma realização da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), com o apoio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação Bahia) e Associação dos Revendedores e Representantes de Máquinas, Equipamentos e Implementos Agrícolas do Oeste da Bahia (Assomiba). G1