A  Bahia voltou a figurar nas últimas posições no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de acordo com os mais novos dados divulgados na sexta-feira. O indicador aponta que o estado caiu da 22ª para a penúltima colocação em aprendizagem de português e matemática e tem a quarta pior nota no índice geral do ensino médio oferecido na rede estadual.

Em 2019, ano da última avaliação, a Bahia tinha nota de 4,1 na aprendizagem das duas mais importantes disciplinas, resultado que a colocava em 22º lugar. Em 2021, o índice caiu para 3,96.  O que fez o estado despencar para a 26ª posição, à frente apenas do Maranhão (3,92).

Já no índice geral do Ideb, a nota do ensino médio da rede estadual  é a quarta pior do Brasil, ao lado de Alagoas e Maranhão (ambos também com 3,5). O desempenho da Bahia só é melhor que o do Amapá (3,1), Pará (3,0) e Rio Grande do Norte (2,8). Em relação a 2019, o estado aumentou apenas três décimos.

O resultado, contudo, foi mascarado em função da aprovação automática adotada em meio à pandemia da covid-19, segundo alertam especialistas em Educação. Neste período, houve a orientação às redes de ensino para não reprovarem os alunos durante o fechamento das escolas. O que gerou distorção no Ideb.

Para chegar à nota final, o índice combina taxas de aprovação com a prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) em português e matemática. No caso da Bahia, mesmo com a diretriz para a não reprovação dos alunos, o avanço foi de apenas três décimos, enquanto a aprendizagem das duas disciplinas caiu cerca de um décimo e meio.

A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, alertou para eventuais distorções durante a divulgação dos dados. “A comparabilidade com anos anteriores deve ser evitada, porque os resultados foram impactados pela mudança na aprovação dos estudantes. Essa mudança seguiu um parecer do CNE, que recomendou a promoção dos alunos para evitar que fossem ainda mais prejudicados. Isso, com certeza, afeta o indicador”, afirmou.

Em nota, o Instituto Unibanco diz que a medida tem impacto direto sobre as taxas de aprovação e, consequentemente, no resultado do Ideb. “Verificar o quanto decisões operacionais das redes podem ter inflado os dados de aprovação é crucial para uma melhor compreensão dos resultados de 2021”, informou o instituto, em nota.

Oposição acusa PT de ‘malabarismo’ para esconder lugar entre os piores
Parlamentares que integram a oposição criticaram o governo baiano pelos péssimos resultados no Ideb. O deputado federal Paulo Azi, presidente estadual da União Brasil, condenou a estratégia do governo de tentar manipular a opinião pública e fugir do fato de que a Bahia continua entre os piores nos anos finais da formação educacional básica.

“Para tentar mascarar o fracasso nessa área, o governo tenta fazer malabarismos e vender a ideia de que a educação baiana vai bem. A verdade é uma só. Depois de 16 anos de PT, a Bahia continua entre os últimos em qualidade do Ensino Médio”, afirmou.
Azi ressaltou ainda que os mais prejudicados com os péssimos índices da educação do estado são os jovens.

“Quem perde com isso é a nossa juventude, que foi abandonada pelo estado e não tem um ensino público de qualidade. A verdade é que educação nunca foi prioridade dos governos do PT”, completou Paulo Azi.

O deputado estadual Sandro Régis (União Brasil), líder da oposição na Assembleia Legislativa, disse que o estado, infelizmente, não tem o que comemorar. “É uma vergonha que o governo esteja comemorando o menos pior. A verdade é que a Bahia infelizmente ainda continua nos últimos lugares. Não há o que festejar”, afirmou.

“Se fosse um campeonato, a Bahia estaria na zona de rebaixamento, no Z4. Isso é o resultado de 16 anos desastrosos do PT”, acrescentou o líder oposicionista.

Na contramão do estado, Salvador avança no Ideb e supera metas
Em direção contrária ao estado, Salvador registrou avanço nos anos finais do Ensino Fundamental e aparece também em terceiro lugar entre as capitais nordestinas quando são avaliados os anos iniciais.

Nos anos finais, a capital baiana passou de 3,9 em 2017 para 4,3 em 2019, chegando à nota de 4,7 no Ideb de 2021, dois décimos acima da meta estabelecida para essa faixa, também chamada de Ensino Fundamental II,  que era de 4,5.

Já no Ensino Fundamental I, que abrange os anos iniciais,  Salvador teve nota 5,4, novamente acima da meta – 5,1. Entre as capitais do Nordeste, a baiana teve a terceira maior nota, atrás somente de Teresina (6,3) e Fortaleza (5,8).

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) atribuiu o avanço no Ideb ao trabalho de requalificação e modernização da rede municipal , associado às ações de valorização e melhoria das condições de trabalho para os profissionais da Educação.

“Requalificamos praticamente todas as escolas municipais, num trabalho iniciado na gestão do ex-prefeito ACM Neto e intensificado por nós. Educação, para nós, é prioridade, e hoje podemos celebrar que superamos as metas propostas pelo Ideb”, afirma Bruno Reis, prefeito da capital

Ele ressaltou ainda os investimentos que estão sendo feitos em tecnologia para ampliar a inclusão digital nas escolas e garantir aos alunos acesso a mais ferramentas de aprendizado. “Trouxemos para Salvador as Escolabs, em parceria com o Google, criamos o Subúrbio 360 e vamos entregar 106 mil tablets para os estudantes e 8 mil chromebooks para professores. Seguiremos investindo para qualificar a rede e valorizar nossos professores”, concluiu. Correio da Bahia