Após dias de preparação envolvendo alas políticas, jurídicas e de comunicação, as campanhas do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão ter um ponto em comum no debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira (29): o foco na economia.
O tema — que historicamente pode decidir eleições –, porém, deverá ter abordagens diferentes por parte de cada candidato.
Segundo interlocutores, Lula vai focar no que chamam de “Brasil real”, mostrando:
- dados da fome (33 milhões de pessoas passam fome no país);
- peso da inflação (alta de 10,07% nos últimos 12 meses) sobre os alimentos.
Bolsonaro, por sua vez, segundo interlocutores, dirá que a economia brasileira está em recuperação e apresentará:
- limitação do ICMS sobre itens essenciais, como combustíveis e energia, que levaram à redução dos preços desses itens;
- pacote de medidas sociais (como o aumento de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil até dezembro).
Pesquisas de intenção de voto têm mostrado Lula em primeiro lugar. Levantamento Ipec divulgado nesta semana, por exemplo, mostrou o petista com 48% dos votos, e Bolsonaro, com 31%. Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada apontou Lula com 47%, e Bolsonaro, com 33%.
Estratégias de Lula
O ex-presidente Lula, segundo integrantes da campanha, fará as perguntas temáticas do debate sobre “a vida do povo” porque, na avaliação de aliados, há a “clara percepção” na sociedade sobre a “incompetência do governo Bolsonaro para cuidar da população mais vulnerável”. E isso será explorando para tentar decidir a eleição no primeiro turno.
Interlocutores do petista dizem ainda que Lula irá reforçar “como a vida do brasileiro piorou” no governo Bolsonaro e que as políticas sociais da gestão dele são recentes e temporárias. Lula tem dedicado a agenda desde esta quarta (28) a se preparar para o debate.
Preparação de Bolsonaro
Desde o último domingo, o presidente Jair Bolsonaro vem recebendo informações e sendo aconselhado a explorar em suas respostas medida adotadas pelo governo na economia.
A GloboNews apurou que Bolsonaro permitiu o treinamento – o que ele resistiu durante toda a campanha. Ainda assim, integrantes da campanha sabem que tudo pode acontecer, e Bolsonaro acabar não seguindo o roteiro combinado, o que não seria uma novidade nestas eleições.
Entre aliados, há o temor que Bolsonaro “radicalize” e volte a focar em temas que fazem o presidente perder votos, como atacar a segurança do sistema eleitoral. Nessa quarta-feira, o TSE divulgou nota desmentindo um documento , divulgado pelo PL, partido do presidente, em que a legenda divulgava fake news sobre as urnas. G1