Foto: Ricardo Stuckert

A equipe de campanha do ex-presidente Lula (PT) comemorou a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (18), mas avaliou que, para vencer ainda no primeiro turno, o grande desafio de Lula será reverter a queda de votos entre o eleitorado evangélico.

O levantamento mostrou que Lula tem 47% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 32%. Pela pesquisa, existe a possibilidade de vitória de Lula ainda no primeiro turno. Isso porque o petista tem, segundo o levantamento, 51% dos votos válidos.

No entanto, chamou a atenção de petistas a queda de votos de Lula entre evangélicos. Conforme o levantamento, Bolsonaro lidera no segmento, com 49% das intenções de voto, enquanto Lula aparece com 32%. O petista já esteve à frente entre este eleitorado. Até o final do ano passado, Lula tinha 38%, e Bolsonaro, 31%.

O blog já mostrou que a campanha de Bolsonaro aposta na chamada “guerra santa” para atrair os votos do eleitorado evangélico. Lula, por sua vez, afirma que não fará isso.

“Eu não sou candidato de uma facção religiosa. Eu sou candidato do povo brasileiro. Quero tratar evangélico igual católico, islâmico, judaico. Quero tratar as religiões, incluindo as de matriz africana, com o respeito que todas as religiões têm que ser tratadas. Não quero fazer uma guerra santa neste país, não quero estabelecer rivalidade entre as religiões. A religião é para cuidar da nossa fé, da nossa espiritualidade, não para fazer política”, declarou Lula na última quarta.

Auxílio Brasil

Por outro lado, os coordenadores da campanha de Lula avaliam que, até agora, o aumento temporário de R$ 400 para R$ 600 do valor do Auxílio Brasil não provocou movimentação importante no eleitorado. O valor foi aprovado às vésperas das eleições e só vale para 2022.

Essa mudança, avaliam, atingiu principalmente os grupos com faixa de renda maior, não os que recebem o benefício social. Isso em um cenário de desemprego em 9,8% e de deflação em julho (no acumulado de 12 meses, porém, a inflação acumula alta de 10,07%).

Integrantes do comitê petista avaliam que esse cenário fez eleitores passarem a aprovar o governo Bolsonaro e admitirem votar no atual presidente da República.

Voto ‘útil’

Além de reverter a queda nas intenções de voto entre os evangélicos, os interlocutores de Lula acreditam que outro fator que pode levar a uma vitória ainda no primeiro turno é a antecipação do chamado voto “útil”, que consistiria em eleitores de Ciro Gomes (PDT), por exemplo, migrarem para Lula.

Ciro já deixou claro que não vai desistir da candidatura, mas há a percepção que seus eleitores podem acabar desistindo de votar no ex-governador caso sintam que ele não vai mais crescer nas pesquisas. Sem partidos em sua coligação, Ciro tem pouco tempo de TV e pode sofrer um processo de desidratação nas próximas semanas. Por Valdo Cruz/G1