Agência Brasil

A ficha caiu dentro do Palácio do Planalto. Segundo assessores presidenciais, o presidente Jair Bolsonaro entendeu que seu desgaste por conta da guerra das vacinas está só aumentando e mandou seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudar o discurso sobre o início da vacinação no país. Pazuello chegou a dizer que a imunização no Brasil começaria só em março.

Depois, em reunião com governadores, falou em iniciar no final de fevereiro, gerando reações negativas de especialistas e dos chefes de Executivos estaduais. Agora, o ministro da Saúde fala na possibilidade de a vacinação começar no final deste mês ou início de janeiro do ano que vem.

“A ficha caiu. O presidente entendeu que o desgaste estava só aumentando e caindo no colo dele. Aí mandou o ministro Pazuello ajustar seu discurso, porque, caso contrário, a população ficaria com a avaliação de que o governo trabalha, por questões políticas, para postergar a vacinação”, disse ao blog um interlocutor do presidente da República.

A orientação interna, porém, segue tendo conotação de guerra política. O governo busca iniciar a imunização com a vacina da Pfizer e não com a Coronavac, desenvolvida no estado de São Paulo pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac.

Ou seja, a corrida política pela vacina continua. O que mudou foi a orientação presidencial para que seu ministro da Saúde tente acelerar o processo de vacinação no Brasil. A mudança tenta tirar munição política do governador de São Paulo, João Doria, que pretende iniciar a vacinação em São Paulo no dia 25 de janeiro.

No caso da vacina da Pfizer, o problema é que o Ministério da Saúde demorou a iniciar as negociações para aquisição do produto. Segundo o laboratório, seria praticamente impossível entregar neste ano doses para o governo brasileiro. Está em negociação a compra de 72 milhões de doses, mas o mais provável seria disponibilizar em janeiro apenas uma pequena remessa.

Assim, não seria possível começar a vacinação em dezembro. A imunização começaria só em janeiro e com a probabilidade de haver apenas 500 mil doses da Pfizer nessa primeira etapa. Além disso, a Anvisa ainda precisa aprovar a vacina no Brasil. Com isso, a pressão para compra da Coronavac só vai aumentar. Por Valdo Cruz/G1