Foto: Secom/GOVBA

A vacinação contra a covid-19 segue a passos lentos em função da insuficiência de doses. Há, segundo o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, um atraso em todo plano de imunização em função da pouca oferta de vacina.  “Idosos acima de 60 anos só devem ser vacinados a partir de abril”, conjectura o secretário destacando que, pelo plano inicial, esse grupo deveria ter começado a se vacinar nesta sexta-feira (19).

O secretário, que testou positivo para covid-19, conversou nesta terça-feira com o jornalista Jorge Gauthier no programa Saúde e Bem Estar, do Correio, para explicar a conjuntura atual da pandemia no estado e as previsões de vacinação.

Vilas-Boas fala do processo de vacinação com preocupação. “É uma ilusão achar que estamos vacinando”, declara destacando que o número de 378.843 pessoas vacinadas até o momento é abaixo do que é esperado para conter a doença. O médico conta que não existem vacinas suficientes e isso está retardando o processo de vacinação.

“No ritmo que estamos, com pouca oferta de vacina, a população da Bahia seria vacinada em 4 anos”, explica o secretário. Ele também afirma que, no plano inicial, era para a vacinação de cada grupo durar apenas um mês e pontuou que há 400 mil doses guardadas para serem aplicadas como segundas doses em quem já tomou a primeira.

O secretário deixa claro que a celeridade do plano vacinal depende diretamente da quantidade de vacinas. Por conta dessa necessidade da população de insumos, Vilas-Boas é contra a compra de vacinas por empresas privadas. “Isso não é correto eticamente”, critica o secretário que culpou o governo federal pela falta de agilidade na compra das doses.

A possível liberação da Spunitik V é a esperança do secretário para acelerar o processo de imunização do estado que inclui os professores como grupo prioritário.“Com a chegada de mais vacinas, as coisas vão andar mais rápido”, comenta Fábio sobre o processo de vacinação. Ainda sobre a chegada de mais vacinas, o secretário explica o andamento das negociações para a vinda da Sputnik.

“Esse crédito de 50 milhões (de doses), nós estamos oferecendo para o Brasil”, conta. Fábio também falou sobre a ação que está no STF para a Anvisa liberar a Sputnik. Ele explica que o Congresso aprovou uma medida provisória que o presidente tem até amanhã para sancionar ou vetar. “Se ele (o presidente) não vetar, semana que vem é possível importar a Sputnik para o Brasil”, conclui.

O secretário não vê os números atuais com otimismo. “As pessoas perderam o medo”, afirma Vilas-Boas sobre a displicência da população. O médico critica as aglomerações que aconteceram nos últimos dias. “Onde está a Capitania dos Portos?”, questiona o secretário sobre as festas em escunas cheias de pessoas. “As pessoas precisam entender que estamos vivendo uma epidemia”, acrescenta.

Toque de recolher

Para conter o avanço dos números de casos de coronavírus, o governador Rui Costa decretou toque de recolher em todo o estado, das 22h às 5h. Por conta dos altos índices de casos e óbitos, Vilas-Boas acredita que o toque de recolher é uma medida necessária e que elas podem ser ainda mais rígidas. “Se o toque de recolher não der certo, vamos fechar tudo”, pondera. O médico não descarta uma futura possibilidade de lockdown e faz questão de reforçar a nova medida. “Não vai ter bar e nem restaurante aberto de noite a partir desta sexta-feira (19)”, conclui.

O secretário de Saúde comentou sobre a falta de profissionais qualificados para o combate à pandemia. Ele afirma que “já esteve pior” do que a que enfrentamos agora. O médico também foi questionado sobre os hospitais de campanha e destacou que não é momento ainda para reabertura.  “O hospital Espanhol é o último recurso que quero usar, abro ele em 72 horas”, afirma. Ele explica que para abrir outros hospitais é necessário um investimento e tempo maior, mas que o foco agora é diminuir a circulação do vírus.

Aulas

Vilas-Boas comenta que a volta às aulas pode acontecer de forma segura depois que as taxas de ocupação de leitos e óbitos diminuírem. O quadro da educação preocupa a população, mas a previsão para a vacinação dos profissionais da educação está apenas na terceira fase. O secretário conta que o governo está tendo dificuldade de conseguir mais vacinas. Ele também contou que Rui Costa está pensando em alternativas para a situação das escolas. “O governador quer comprar, com dinheiro do Estado, vacinas para vacinar os professores”, declara o médico.

Medicação

Após testa positivo para a covid-19, Vilas-Boas permanecerá em isolamento, em casa, cumprindo agenda virtual de trabalho. Ele está apenas com sintomas leves e fazendo uso de medicamentos sintomáticos. Questionado pelos leitores durante a transmissão sobre quais medicamentos ele está tomando, o secretário foi enfático.

“Não estou tomando cloroquina nem ivermetctina”, disparou, sobre os medicamentos defendidos principalmente pro seguidores do presidente Jair Bolsonaro e que não possuem eficácia comprovada cientificamente. De acordo com o próprio Vilas-Boas, esta é a primeira vez em todo o período da pandemia que ele testou positivo para o vírus. Inicialmente, o teste rápido detectou a infecção, que foi posteriormente confirmada pelo teste RT-PCR do Lacen. (Correio da Bahia)