Canta Pedra já foi mar e virou sertão. Agora, o povo da cidade fictícia onde se passa a nova novela das seis espera que a profecia de Antônio Conselheiro se torne realidade e o sertão, de novo, vire mar, para matar a sede daquele povo sofrido.

Apesar de não esconder as dificuldades que o povo nordestino vive, Mar do Sertão, que estreia nesta segunda-feira (22) na Globo/TV Bahia, é uma fábula contemporânea com a clássica fórmula que costuma predominar nos folhetins desse horário: uma história romântica com muita leveza e um toque de humor.

O público vai conhecer o desenrolar do triângulo amoroso vivido por Candoca (Isadora Cruz), Zé Paulino (Sergio Guizé) e Tertulinho (Renato Góes). Mas não é só a paixão que será assunto na novela: também haverá luta pelo poder, principalmente, se for para ter o bem mais precioso da região, a água.

O autor da trama é Mario Teixeira, o mesmo de Liberdade, Liberdade (2016) e O Tempo Não Para (2018). A direção artística é de Allan Fiterman, que ocupou a mesma função em Quanto Mais Vida, Melhor, que terminou em maio deste ano.

“Eu espero que o público se divirta e se emocione, mas também aprenda a jamais desistir. Essa novela conta a história de temperamentos absolutamente indômitos, de pessoas que sempre superam as dificuldades que elas vivem, e que sabem usar essas dificuldades como forma de crescimento”, diz Mario.

Para revelar a beleza do sertão, parte da novela foi gravada em Vale do Catimbau (Pernambuco) e Piranhas (Alagoas). Lá, além de gravar cenas com participação do elenco, foram registradas as imagens que serão usadas para caracterizar a ambientação do Nordeste.

Allan Fiterman diz que a estrutura montada nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, é também muito fiel ao sertão brasileiro. “A nossa cidade cenográfica de Canta Pedra é inspirada no centro histórico de Piranhas. O casarão da fazenda Palmeiral e a casa de Timbó [personagem de Enrique Díaz] foram construídos respeitando as referências que trouxemos do Nordeste. Acredito que essa ambientação também ganha um grande diferencial devido ao elenco escalado. Temos cerca de 20 atores nordestinos”.

A História
No início da trama, Candoca e Zé Paulino estão noivos. Criada pela mãe, Dodôca (Cyria Coentro), uma costureira viúva, Candoca é professora em Canta Pedra e está sempre atenta ao que acontece na cidade e pronta para defender qualquer injustiça. Zé Paulino, vaqueiro da fazenda Palmeiral, também é conhecido por todos por seu caráter honesto e justo. O rapaz tem como principal exemplo o pai, Daomé (Wilson Rabelo), meeiro da fazenda. Zé Paulino também é muito leal ao patrão, coronel Tertúlio (José de Abreu).

A dupla protagonista está perto de realizar seu grande sonho: casar. Mas o plano é interrompido quando Zé Paulino recebe de Tertúlio a missão de levar um cavalo para outra fazenda justamente no dia da cerimônia. Para isso, ele terá a companhia de Tertulinho (Renato Góes), filho do coronel. O rapaz, que andava longe de Canta Pedra fazia algum tempo, retornou à cidade e também está encantado por Candoca.

Enquanto realizam a viagem, Tertulinho e Zé Paulino são surpreendidos por uma tempestade e sofrem um acidente. Tertulinho consegue se salvar, mas Zé Paulino é dado como morto.

Dez anos se passam e Zé Paulino, que não estava morto e vivia em outro local, retorna a Canta Pedra. Para sua tristeza, ele descobre que, àquela altura, sua amada está casada com Tertulinho. Zé e Candoca ficam entre o dilema de viver o que sentem ou deixar que a mágoa fale mais alto.

Baianos
A Bahia marca presença em Mar do Sertão, na frente e por trás das câmeras. No elenco, estão dois atores e uma atriz revelados nos palcos do estado. Dois dos artistas são velhos conhecidos das telas: Cyria Coentro e Érico Brás. O outro já tem 13 anos de carreira, mas é menos conhecido do grande público: Felipe Velozo, que esteve no filme Marighella e no Família Paraíso, programa de humor do Multishow.

Além disso, Rogerio Sagui é um dos diretores da novela. Sagui dirigiu Rosa Tirana (2020), produção independente que foi gravada no sertão da Bahia e tinha José Dumont no elenco.

Érico Brás é Eudoro Cidão, um jornalista de caráter duvidoso, que escreve o que for de agrado a quem lhe pagar mais. Além de publicar o jornal local, a Gazeta de Canta Pedra, sua gráfica edita o Diário Oficial da cidade, e ele não quer perder essa vantagem.

Cyria fala sobre a importância de ver o Nordeste representado nas telas da televisão: “O nosso país é gigante e muito diverso culturalmente, a gente tem formas diferentes de falar, expressões completamente diferentes de um estado para o outro, o sotaque é diferente, a maneira de ser vestir. Então, quando mais a teledramaturgia representar essa diversidade e pluralidade tanto arte lucra com isso quanto o espectador”. Correio da Bahia