Agência Brasil

Decididamente, a pandemia à qual Bolsonaro se referiu como uma ‘gripezinha’ impôs a ele o seu calvário. Dizia-se até a semana passada que ele só tinha apoio pleno em dois segmentos: os militares e os evangélicos, mais o Centrão. Agora, no embalo da demissão de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, a história real se desnuda: com os militares, a coisa não é bem assim.

Simples. O general Fernando Azevedo e Silva, que pediu demissão do Ministério da Defesa, e com ele todo o alto comando das Forças Armadas, disse na despedida que o Exército, assim como as Forças Armadas de modo geral, desempenham papéis de Estado. Ou seja, aqueles que se sobrepujam às vontades políticas do governante do dia. E não quer tornar-se serviçal de quem está no poder, como Bolsonaro queria, tentando uma declaração dos militares em apoio à forma como ele encara a pandemia. Perdeu.

Mal geral

E o Centrão está lá por mera conveniência, a interconexão entre os interesses políticos dos atores e os cofres públicos. Fica até o fim? Já dissemos e vamos relembrar: se ele tiver bem, sim. Se não, não. Ora, se diz na ciência política que um bom gestor deve dispor de boas doses em três itens: honestidade, capacidade de gestão e habilidade política.

Com Bolsonaro aí vê-se que na honestidade os filhos que ele tanto ama melam o jogo; na capacidade de gestão, vai de mal a sofrível; e a habilidade política é nenhuma. Ele tem um ano para tentar mudar isso. Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde