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É inegável que há um impasse na definição da candidatura do campo governista estadual à Prefeitura de Salvador. Desde que a Conferência Municipal do PT ratificou o nome do deputado estadual Robinson Almeida à sucessão do prefeito Bruno Reis (União Brasil), não surgiu nada de novo que indicasse seu fortalecimento como candidato do governo ao Thomé de Souza. Pelo contrário, não há notícias de que tenha havido ou esteja em curso qualquer articulação do seu partido ou da sua cúpula no sentido de transformá-lo no nome da unidade da base aliada para a disputa.

Se o nome de Robinson pouco andou nestes 20 dias, melhor sorte não tiveram os outros postulantes que também se apresentam como interessados no comando da terceira capital do país. O pré-candidato do MDB, Geraldo Jr., vice-governador do Estado, fez pouco mais do que marolas no período e a representante do PCdoB, a deputada estadual Olívia Santana, tampouco se movimentou a ponto de se constituir no pólo que a converteria como nome do grupo à sucessão. Para completar o cenário, mais um político se lançou como opção no tabuleiro do governo.

O deputado federal Antonio Brito aproveitou uma conferência realizada pelo seu partido, o PSD, para dizer com todas as letras acreditar que a disputa em Salvador no campo do governo passa por seu nome e fez certo. Num cenário de indefinição completa, em que não há sinais de que o assunto está sendo tratado com clareza pelas forças aliadas, colocar-se como alternativa pode representar uma chance de ocupar o vácuo e virar o jogo a seu próprio favor. A dificuldade para resolver o imbróglio reside na ausência de uma estratégia clara para solucioná-lo.

Como se sabe – e como já foi assinalado aqui algumas vezes – o candidato preferido da cúpula petista, em que se destaca a liderança do senador Jaques Wagner, é Geraldo Jr. O que não se descobriu ainda é como demover do desejo de disputar o petista Robinson, que viu na chance de representar o PT no processo eleitoral uma possibilidade de fortalecer seu nome com vistas não ao ano que vem, mas em relação a 2026, quando pretende disputar a eleição de deputado federal, e tem ao seu lado, defendendo o projeto de o PT concorrer agora, uma parte significativa da militância, além dos vereadores.

Portanto, a tarefa mais importante para provavelmente encerrar o capítulo da definição da candidatura é achar quem se encarregue de dizer a Robinson que ele, em prol da coesão do grupo, precisa apresentar um argumento para se retirar da disputa e abrir caminho para o lançamento, como nome da unidade, do candidato do MDB. Pelo visto, Wagner, interessado em se manter forte no PT, principalmente por causa da disputa de poder que hoje protagoniza com o ministro Rui Costa (Casa Civil), resolveu terceirizar a missão. Até Geraldo soltar a língua e colocar o plano a perder, era o que o senador pretendia pessoalmente fazer lá atrás. Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.