O senador Otto Alencar (PSD) disse, ontem, que ficou “ainda mais tensionada” a relação entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF) após a operação de busca e apreensão executada pela Polícia Federal em residências e gabinetes do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e de seu filho, o deputado Fernando Filho (DEM-PE), nesta semana.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM) já tinha dito que a Casa vai apresentar questionamentos ao STF após a operação que foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Senadores não gostaram do fato de a ação ter sido permitida mesmo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestando contra. “Acho que ficou muito claro que não foi uma ação da Procuradoria Geral da República, que se manifestou contrária porque achava que não tinha elementos para elucidação do processo. Não quero entrar no mérito se Fernando era culpado ou não inocente. Mas, neste caso, houve usurpação de competência. Foi uma ação desnecessária. O ministro deveria ouvir e se pautar pelo pedido da Procuradoria, mas ele gosta muito de holofote”, afirmou Otto, em entrevista à Tribuna.

O senador baiano lembrou que há outros casos que já “desgastam” a relação entre STF e o Senado. “Tem dois pedidos de impeachment (no Senado contra ministro da Corte), um é contra Gilmar Mendes. A relação está em estado de beligerância. E agora agravou mais ainda. Vai tensionar mais ainda. Tem o pedido da CPI da Lava toga, da Vaza Jato. As quatro instituições do país estão em estado de beligerância. O Executivo contra a Polícia Federal. O Senado contra o Supremo, que está contra a Câmara por causa da lei de abuso de autoridade. O presidente da República é uma confusão. Tem que ter entendimento entre os chefes de poderes para a saída, para ter uma convivência respeitosa, harmoniosa para o país sair da crise”, pontuou Otto.

Apesar das críticas à atuação de Barroso, Alcolumbre reafirmou ser contra a CPI da Lava Toga, que pretende investigar o Judiciário. Desde o início do ano, ele tem segurado reiterados requerimentos para criação da comissão parlamentar de inquérito. “Continuo me manifestando contrário a ela (à CPI). Precisamos ter consciência do momento que estamos vivendo. Eu sou contrário, acho que o Brasil não precisa disso. O Brasil espera muito mais que uma CPI para enfraquecer as instituições, porque, no final, isso é para enfraquecer todos nós”, disse Alcolumbre.

Por: Rodrigo Daniel Silva/ Tribuna da Bahia