Na iminência de se afastar do cargo de deputado federal, seja pela pressão por uma promoção na Polícia Militar ou para disputar as eleições municipais de 2020 (veja aqui e aqui), o pastor evangélico sargento Isidório (Avante) pode abrir sua vaga, ainda no próximo ano, para o primeiro deputado federal assumidamente de Candomblé do Brasil.

Babalorixá de Maragogipe, Pai Robinho (Pros) é atualmente o primeiro suplente da coligação de Isidório. Diplomado com um pouco mais de 6 mil votos, o candomblecista teve votação inferior em 50 vezes a do seu titular, mas incorporou o primeiro lugar na fila dos “reservas” após a suspensão do diploma do também evangélico Dr. João (Pros), primeiro suplente eleito em 2018.

Dr. João, candidato do pastor Valdemiro Santiago na Bahia, é investigado por abuso de poder religioso por suspeitas de desvirtuar eventos religiosos promovidos pela Igreja Mundial do Poder de Deus. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) ainda é liminar, mas caso se confirme, pode abrir os caminhos de Pai Robinho para Brasília.

“Deixa eu dizer uma coisa”, iniciou Isidório ao ser questionado pelo sincretismo eleitoral da substituição. “Se ele é pai, eu sou filho de santo”, tentou argumentar. “Se ele acha que é pai, ele tem todo o direito e isso não é melhor ou pior. Você vê que tem esse tal de João de Deus, que diz que é de Deus, mas colocou a benga em gente e botou para lascar”, divagou o deputado federal eleito com a maior votação da Bahia.

Em dezembro do último ano, João de Deus – que nunca demostrou vocação política – foi preso após diversas acusações de abuso sexual se tornarem públicas (lembre aqui). Ainda desconhecido para boa parte dos baianos, Pai Robinho promete atuar em Brasília em nome de “oprimidos pelo sistema indigesto e excludente”, caso assuma.

Para Isidório, qualquer um pode assumir o mandato de deputado federal se for votado. “A gente não pode querer discriminar. Só quem pode julgar corações e mentes é Deus”, disse o federal, em um momento de lucidez.

Na sua vaga, Isidório disse que espera que Pai Robinho prege o zelo por todas as religiões no Congresso. “Não se esqueça que um dia eu também já fui do Candomblé. Era para eu ser um dos maiores pais de santo da nação”. (Bahia Notícias) Foto: Divulgação / Pai Robinho Blog