Foto: Marcelo Brandt/G1

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), continuam mantendo conversas reservadas sobre a eleição de 2022, segundo aponta reportagem desta última segunda-feira (19), da Folha de S. Paulo. Há meses a dupla vem conversando sobre uma solução conjunta para uma terceira via. A informação repercutiu entre grupos petistas ontem.

De acordo com a publicação, ambos se reuniram recentemente, por cinco horas, na casa de Ciro, em Fortaleza. O compromisso deles é de que o PDT e o DEM buscarão um projeto para se contrapor a Bolsonaro e Lula. Ciro deve apoiar ACM Neto na Bahia, na provável disputa contra o ex-governador Jaques Wagner (PT). Na reunião, ficou decidido que o baiano auxiliará na aproximação de Ciro com partidos e nomes de centro. Aliados do presidenciável, inclusive, sugeriram ao presidente do DEM que organizasse uma agenda do ex-ministro com o apresentador Luciano Huck, que ainda não decidiu se vai se candidatar ou não. Ciro também quer encontrar com o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta.

A articulação tem irritado petistas, sobretudo porque Ciro tem feito ataques cada vez mais frequentes ao PT, o que afasta cada vez mais as possibilidades de uma eventual aliança do partido com o PDT no próximo pleito presidencial. Em entrevista ao jornal O Globo publicada no último domingo, por exemplo, o pedetista disse ter “convicção” de ter tomado a decisão certa ao ter deixado o país em 2018, quando foi a Paris durante o 2º turno da das eleições presidenciais entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).

O deputado federal baiano Afonso Florence (PT)  criticou o encontro de Neto e Ciro. “A velha política, representada pelas oligarquias calista e cirista, se articula contra a única possibilidade do Brasil voltar a ser governado de forma democrática, e recolocar o povo no orçamento”, comentou.

O presidente do PT em Salvador, Ademário Costa, avaliou que “a questão agora não é só saber quem vai se unir com quem para estabelecer alianças eleitorais para 2022″.” O que está em jogo agora é algo muito maior, ou seja, qual é o programa capaz de promover e sustentar a recuperação econômica do Brasil e colocá-lo em um novo caminho? Essa é a pergunta que temos que fazer. É necessário retomar o caminho de desenvolvimento, promovido pelos governos do PT, de Lula e Dilma, quando o Brasil saiu do Mapa da Fome, garantiu o primeiro emprego e se tornou a 5ª maior economia do mundo, e avançar.  Portanto, neste cenário pós governo Bolsonaro, é impossível pensar em fazer essa retomada, visando o futuro, atacando Lula, excluindo o PT e criminalizando o projeto da esquerda”, alfinetou à Tribuna.

“Se Ciro deseja se juntar àqueles que deram o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, construíram a farsa da Lava Jato, prenderam o ex-presidente Lula, destruíram as empresas nacionais e colocam o País nessa situação atual, só prova que ele não tem nada de novo para acrescentar ao Brasil e que seu estilo é uma reprodução da antiga Arena, que ele sabe bem, porque fez parte na juventude. O que Ciro tenta ignorar é que o PT tem um projeto concreto para transformar o Brasil, ao contrário da velha direita. E é isso que queremos e vamos tentar retomar.”, declarou Ademário Costa, presidente do PT de Salvador, sobre possível aliança entre Ciro Gomes (PDT) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e suas críticas ao PT e ao ex-presidente Lula”, completou Ademário. Tribuna da Bahia