Agência Brasil

A Policia Federal vai tomar os depoimentos do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e do ministro da Secretária-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, no inquérito das fake news – que apura os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral. Essa apuração foi aberta no início do mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após uma série de investidas de Bolsonaro contra a urna eletrônica e a ameaça de não realizar as eleições em 2022.

O ponto central dessa investigação é a live feita pelo presidente no dia 29 de julho – quando Bolsonaro fracassou em apresentar provas sobre supostas irregularidades no sistema eleitoral brasileiro. Os depoimentos devem ser tomados ainda nesta semana. A PF quer reunir elementos de como foram organizados esses ataques ao sistema e, em especial, a transmissão nas redes sociais do presidente. Ramagem e Ramos serão ouvidos como testemunhas e devem ser questionados sobre as declarações de Bolsonaro na live.

Também será ouvido o coronel da reserva do Exército, Eduardo Gomes da Silva, que era assessor especial de Ramos e ficou ao lado de Bolsonaro durante a transmissão. Silva já prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral – e admitiu que não há provas de fraudes. A investigação busca provas de um movimento para desestabilizar a democracia. Para os investigadores, a live acabou sendo disseminada nas redes, seguindo o mesmo padrão da atuação da chamada milícia digital e de diversas manifestações do presidente nos últimos meses – sobre o sistema eleitoral brasileiro e também sobre o combate à pandemia.

Relator do inquérito no STF, o ministro Alexandre de Moraes afirmou, ao autorizar a inclusão de Bolsonaro como investigado, que todas as declarações tiveram como objetivo o ataque às instituições democráticas. “O pronunciamento do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se revelou como mais uma das ocasiões em que o mandatário se posicionou de forma, em tese, criminosa e atentatória às instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal, imputando aos seus ministros a intenção de fraudar as eleições para favorecer eventual candidato, e o Tribunal Superior Eleitoral, no contexto da realização das eleições previstas para o ano de 2022, sustentando, sem quaisquer indícios, que o voto eletrônico é fraudado e não auditável.” G1