A possível federação do PSOL com o PT deve enfrentar resistências, segundo avaliação do deputado estadual Hilton Coelho. O parlamentar, que é uma das vozes mais críticas à gestão do governador Rui Costa (PT) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), acredita que precisa haver ainda muito diálogo para fechar questão sobre o assunto.

“É importante que o PSOL esteja aberto para fazer o debate com diversas representações partidárias de esquerda, mas é um debate que precisa ser acelerado […] Temos um cenário bastante indefinido, mas ao meu ver, é um debate positivo”, opinou o parlamentar para o Bahia Notícias.

“Eu vejo isso como uma movimentação muito complexa. O Brasil é um país de dimensões continentais, então nós temos peculiaridades regionais muito fortes. Não é fácil pensar numa coisa tão ampla com diversos partidos. Mesmo que se tenha alguma possibilidade de ação mais conjunta, ainda seria uma coisa difícil de se fazer”, ponderou.

Nos últimos dias as conversas de uma união entre partidos de esquerda para as eleições de 2022 ganharam força. PV, PSB e PCdoB se reuniram nesta quarta-feira (15) e fizeram avanços para a formação da federação. A possibilidade foi apresentada ao PT, que avalia se juntar as legendas. O presidente do PV na Bahia, Ivanilson Gomes, adiantou ao BN que uma reunião entre as lideranças nacionais dos partidos deve acontecer na próxima segunda-feira (20).

CLAUSÚLA DE BARREIRA

Além do fortalecimento da bancada de esquerda na Câmara dos Deputados, um outro interesse dos partidos na federação pode ser justificado pela cláusula de barreira. O dispositivo foi criado com a minirreforma eleitoral e desde 2018 passou a restringir o acesso de partidos com baixa representatividade ao fundo partidário.

Embora considere que o assunto mereça atenção, Hilton diz que essa não é a maior preocupação do PSOL. “O partido não está numa situação tranquila em relação a isso, mas na minha leitura, a gente conseguiria bater essa meta [da cláusula de barreira]. É uma tendência grande do PSOL conseguir resolver esse problema mesmo sem federação”, acredita. “Se a gente conseguir compor um campo para aumentar a expressão da bancadas, ter candidaturas a majoritárias com expressão, vamos impor uma derrota ainda maior a direita nas eleições”, finalizou.

FEDERAÇÃO PARTIDÁRIA

As federações têm natureza permanente e são formadas por partidos que têm afinidade programática com duração de pelo menos os quatro anos do mandato. Se algum partido deixar a federação antes do prazo, sofre punições como proibição de uso dos recursos do fundo partidário pelo período remanescente. Outro ponto que diferencia as federações das coligações é a abrangência nacional que a primeira precisa ter. Nas eleições de outubro de 2022 as federações vão valer para as eleições de deputado estadual, federal e distrital, caso específico do Distrito Federal. Bahia Notícias