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De acordo com estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), 15.190 novos casos de câncer de boca e orofaringe devem ser diagnosticados no Brasil em 2022, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres. É o 4º tumor mais frequente em homens com predomínio de 75% dos casos e está intimamente relacionado ao consumo de cigarro e seus derivados, como o cachimbo e o tabaco mascado, que aumentam em até 10 vezes o risco. Maio é o mês da conscientização da doença e a Tribuna da Bahia foi ouvir especialistas a respeito de como prevenir o diagnóstico.

O próximo dia 31 é o Dia Mundial de Combate a esse tipo de câncer. A data foi criada conjuntamente com o Dia Mundial Sem Tabaco, instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre as doenças e danos à saúde causados pelo cigarro. De evolução silenciosa, o câncer de boca costuma ser diagnosticado tardiamente e é responsável por mais de seis mil óbitos por ano no Brasil.

“O consumo de bebidas alcoólicas e, mais recentemente, um aumento do número de casos relacionados ao vírus HPV (o mesmo relacionado ao câncer de colo uterino), especificamente os tumores relacionados na região da orofaringe também são fatores de risco.  Mas podemos destacar ainda que fatores como dentes em precário estado de conservação, exposição solar sem proteção (para os tumores dos lábios) e exposição prolongada a produtos químicos (como amianto, poeira de madeira/cimento, solventes e agrotóxicos) também contribuem para a evolução da doença”, explica o oncologista Daniel Brito, do NOB Oncoclínicas.

A prevenção do câncer bucal está relacionada aos hábitos de vida. “Não fumar, evitar bebidas alcoólicas em excesso, usar protetor solar labial, sexo oral só com proteção, tomar a vacina contra HPV e fazer uma boa higiene bucal são medidas importantes na prevenção desse tipo de câncer.Daniel explica que: “É necessário também um cuidado com a saúde bucal e uma especial atenção a feridas ou úlceras que não cicatrizam após 2 semanas, além de dor ou dificuldade para mastigação persistentes, sangramento sem justificativa, dor ou desconforto na garganta ou ainda percepção de nódulo ou aumento da língua. O mesmo vale para nódulos em região de pescoço com crescimento progressivo. Todos esses sinais e sintomas necessitam de uma avaliação médica para investigação”.

Segundo Brito, as modalidades de tratamento (cirurgia, radioterapia, uso de medicações) evoluíram significativamente nas últimas décadas, entregando resultados melhores com menos chances de efeitos colaterais ou sequelas. “Pela nobreza do local (envolvimento claro com a fala, deglutição, paladar) existe grande importância de uma equipe multiprofissional na assistência desses tumores (envolvendo não apenas a equipe médica, mas também odontologia, nutrição, fisioterapia, psicologia) para entregar o melhor resultado em cada situação e o acolhimento necessário. A escolha do melhor tratamento é individualizada, levando-se em consideração localização, extensão da doença, outros problemas de saúde do paciente e, sem dúvida, o consentimento e participação na discussão. Na maioria das vezes a cirurgia é empregada, com a possibilidade em alguns casos de ressecção robótica (como nos tumores de orofaringe), mas a possibilidade de estratégias de tratamento não cirúrgicas (muitas vezes com resultados semelhantes) e nos casos avançados a possibilidade de uso de imunoterapia trouxe novas opções ao tratamento medicamentoso. O segredo, como em todo câncer, é o cuidado e o foco na detecção precoce. É importante ressaltar que nestes casos a chance de cura chega a 90%”. Tribuna da Bahia/ Por Cleusa Duarte