O então ministro da Saúde, Nelson Teich, disse na reunião ministerial de 22 de abril que o “medo (do coronavírus) vai impedir que você trate a economia como uma prioridade”, e defendeu que o governo precisava mostrar para a sociedade que tem o controle da doença. No encontro, o presidente Jair Bolsonaro cobrou que responsáveis por órgãos públicos apontassem comorbidades e outras questões relacionadas quando fossem reportar a morte de servidores por Covid-19.

O material integra o inquérito que investiga suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, após denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Nelson Teich tomou posse em 17 de abril, cinco dias antes da reunião ministerial. No dia, o Brasil tinha 2.171 mortes por Covid-19.

“A saúde ela é fundamental, porque enquanto a gente não mostrar pra a sociedade que a gente tem o controle da doença, da saída dela, qualquer tentativa econômica vai ser ruim, porque o medo vai impedir que você trate a economia como uma prioridade. Então controlar a doença hoje é fundamental”, disse o então ministro.

“E controlar a doença não significa que a gente vai curar a doença em uma semana, mas que a gente não é um barco a deriva e que a gente tem uma estratégia pra trabalhar essa a doença, né? Então são três coisas que a gente vai trabalhar. Primeiro a informação, pra entender o que que é a doença, qual é a evolução dela, como é que tá infraestrutura pra cuidar da doença, porque um dos grandes problemas que a gente tem hoje, se a gente olhar o Brasil hoje, ele é um dos melhores países em número em relação a mortalidade”, analisou Teich.

“O que assusta é você ver que o hospital não consegue atender, é gente do frigorífico, é gente que tá abrindo cova em algum lugar pra enterrar, e isso traz medo. E o medo impede que qualquer outra atividade tenha sucesso. Porque enquanto isso não for sanado, o restante vai ter muito pouca chance de ser comprado pela sociedade. A segunda coisa é estruturar a operação de cuidado. Então a gente vai investir em logística, vai investir na parte de compra e tentar melhorar o processo”, disse Teich.

Durante a reunião, o ministro do Desenvolvimento, Rogério Marinho, questiona Teich sobre perspectivas para um plano de transição. “Na verdade a gente tá correndo contra o tempo. Enquanto a gente não conseguir controlar a percepção que a gente hoje tem condição de cuidar das pessoas, vai ser difícil, né?”, respondeu o então ministro.