Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez duras críticas à gestão no Banco do Brasil na reunião ministerial do dia 22 de abril. Segundo Guedes, a instituição é um “caso pronto de privatização”, e o governo “tem que vender essa porra logo”. “O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar ‘bota o juro baixo’, ele: ‘Não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.’ Aí, se falar assim ‘bota o juro alto’, ele: ‘Não posso, porque senão o governo me aperta’. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização”, declarou.

“O senhor já notou que o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil, a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então, tem que vender essa porra logo”, disse Guedes. O BNDES e a Caixa, citadas por Paulo Guedes, são empresas 100% públicas. Já o Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista – o governo é sócio majoritário, mas há ações distribuídas em fundos de investimento, capital estrangeiro, pessoas físicas e pessoas jurídicas.

Em resposta a Guedes, Jair Bolsonaro chega a pedir que o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, seja “dispensado” da próxima reunião. O banco entra na pauta do encontro depois que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reclama da taxa de juros de 9% para empréstimos ao setor agrário. “Apesar de todo o aumento de risco que passou a haver no sistema bancário, o Banco do Brasil está expandido bastante seus empréstimos à agricultura. A ministra Teresa Cristina é testemunha aqui de que o apoio tá sendo muito grande e nós tamos numa situação confortável, ministro”, diz Rubem Novaes, em resposta.

Só em 2023, diz Bolsonaro

Na continuação do diálogo, Guedes pede que Rubem Novaes confesse “seu sonho” – Bolsonaro intervém, e pede que o presidente do banco “deixe pra depois”. Novaes comenta a proposta de privatização e, em resposta, Jair Bolsonaro diz que isso “só se discute, só se fala em 2023”.

Confira o diálogo:

Paulo Guedes: Confessa o seu sonho.

Rubem Novaes: Privati… em relação à privatização…

Jair Bolsonaro: Faz assim, só em 23 você confessa, agora não.

Rubem Novaes: Em relação (risos) à privatização, eu acho que fica claro que, com o BNDES cuidando do desenvolvimento e com a Caixa cuidando do fim… da área social, o Banco do Brasil estaria pronto para um programa de privatização, né? Mas isso a gente pode fazer …

Jair Bolsonaro: Isso aí, isso aí só se discute, só se fala isso em 23, tá?

Rubem Novaes: A gente pode fazer, um dia, um seminário aí, que possa estender aí. Porque o Banco do Brasil no passado teve muitos privilégios pelo fato de ser público, né? As folhas de pagamento vinham naturalmente para o Banco do Brasil ou para a Caixa. A administração, a administração dos depósitos judiciais era sempre do Banco do Brasil e da Caixa. Hoje, isso tudo é processo de concorrência. Nós temos que pagar muito caro por esses antigos privilégios, que não são mais privilégios.

Rubem Novaes (continuação): E fica só o lado ruim de ser estatal, pesando no Banco do Brasil. Quer dizer, a gente não tem a mesma facilidade de contratação, a gente não tem a mesma facilidade de demissão de maus funcionários e … e vai por diante. Quer dizer, tudo tem que submeter ao governo, tem o Tribunal de Contas travando tudo, não é? O Tribunal de Contas é, hoje em dia, é uma usina de terror. Quer dizer, se a gente faz alguma coisa tá arriscado a ir pra cadeia. Se não faz, é processado por inação, não é? Porque você não tomou as providências que tinha que ter tomado, então virou um terror isso. Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.