A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, estima que pelo menos 1 milhão de crianças foram afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique e que os números podem ser muito maiores. A declaração foi feita neste final de semana, após visita à cidade da Beira, uma das zonas mais afetadas, uma semana após o ciclone.

De acordo com a diretora, a comunidade internacional e as autoridades nacionais estão “numa corrida contra o tempo para ajudar e proteger as crianças nas áreas arrasadas” por este desastre natural. Estimativas do governo de Moçambique apontam que 1,8 milhão de pessoas em todo o país, incluindo mais de 900 mil crianças, foram afetadas pelo ciclone.

No entanto, muitas áreas ainda não são acessíveis e o Unicef e parceiros acreditam que os números finais serão muito mais elevados. Em nota, Henrietta Fore disse que “a situação vai piorar antes de melhorar” e que “as agências de ajuda ainda mal começaram a ver a escala dos danos.”

Pouco mais de dez dias após a passagem do ciclone Idai por Moçambique, o país está sob alerta do cólera. Autoridades afirmam que várias mortes em decorrência da doença foram registradas nos centros de acolhimento. Na região da cidade de Beira, a mais atingida pelo desastre, 228 mil pessoas estão abrigadas em ambientes sem condições de higiene e com escassez de alimentos.

O cólera, o tifo e a malária são doenças transmitidas através da ingestão de água ou alimentos contaminados e alastram-se em ambientes de pouca higiene. O ciclone matou 446 pessoas em Moçambique e causou danos comparáveis às tragédias humanitárias do Iêmen e da Síria, segundo autoridades.