Foto: Marcelo Brandt/G1

O número de brasileiros que usam a internet continua crescendo: subiu de 67% para 70% da população, o que equivale a 126,9 milhões de pessoas. Esse dado é parte da nova edição da pesquisa TIC Domicílios, divulgada nesta quinta-feira (29), que afere dados sobre conexão à internet nas residências do país. A pesquisa, feita anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), é uma das principais no país.

Veja outros destaques da pesquisa:

  • Nas regiões urbanas, a conexão é um pouco maior do que a média: 74% da população está ligada à internet;
  • Pela primeira vez, metade da zona rural brasileira está conectada — 49% da população disse ter acesso à rede em 2018, acima dos 44% de 2017;
  • Também pela primeira vez, metade da camada mais pobre do Brasil está oficialmente na internet: 48% da população nas classes D e E, acima de 42% em 2017;
  • São 46,5 milhões de domicílios com acesso à internet, 67% do total;
  • Entre os usuários da internet, 48% adquiriu ou usou algum tipo deserviço on-line, como aplicativos de carros, serviços de streaming de filmes e música, ou pedido de comida.

Segundo Winston Oyadomari, coordenador de pesquisas no Cetic, o Brasil tem um crescimento importante nesses indicadores. “Países desenvolvidos na América do Norte e Europa têm uso da internet de 80% pra mais. Países em desenvolvimento, do leste europeu e árabes, ficam em torno de 50% a 60%.

Isso coloca o Brasil numa posição intermediária”. O pesquisador reiterou que a pesquisa do Cetic segue padrões internacionais, mas a comparação para 2018 ainda não pode ser feita totalmente porque os dados globais ainda não foram divulgados.

Para ele, há ainda muita margem para o acesso crescer no país — nos grandes centros e também na região rural. O Brasil ainda fica atrás, em termos de população conectada, de outros países da América do Sul, como Chile, Argentina e Uruguai. “

Dominância do celular

Por mais um ano, o celular foi tido como o meio preferencial de acesso dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 97% usou o celular como dispositivo de acesso à internet — patamar muito parecido com o de 2017, que foi de 96%. Esse dado inclui pessoas que usaram celular e computador e apenas celular.

Contando as pessoas que usaram apenas o celular para se conectar, o percentual é de 56%. O computador, porém, tem diminuído como dispositivo utilizado pelos brasileiros para a conexão. Apenas 43% relatou ter usado um computador para acessar a internet em 2018, queda em relação a 2017, quando a margem era de 51%.

O dispositivo era tido como meio de acesso por 80% em 2014 e sofreu queda gradual desde então. No mesmo período aconteceu o triunfo do celular, que era usado como meio de conexão por 76% em 2014.

O uso do aparelho é ainda mais acentuado entre a população mais pobre e os que residem em regiões rurais. Na Zona Rural, 77% dos usuários de internet se conectam exclusivamente pelo telefone e 20% usam celular e computador.

Nessas regiões do país, segundo Oyadomari, do Cetic, a conexão por internet móvel é predominante, em relação às ligações por fibra ótica ou cabo de TV. “A falta de possibilidade de acesso na área rural é citada por 44% das pessoas como motivo para não acessar a internet. É um motivo particularmente relevante para a área rural”, disse.

Entre a população que tem renda familiar de até 1 salário mínimo, o uso exclusivo do celular atinge 78% dos usuários, com 19% usando computador e celular.

Para pessoas com renda da família entre 1 e 2 salários mínimos, a presença do computador aumenta, com 31% dos usuários utilizando ambos os dispositivos. Mas ainda fica abaixo do celular como uso exclusivo, com 63%.

Para os mais ricos, que têm renda familiar acima de 10 salários mínimos, o uso exclusivo de celular é feito por 17% dos usuários, enquanto que 80% usam ambos celular e computador para se conectar.

Segundo Oyadamori, o desafio agora é entender se as camadas mais baixas da população fazem uso apenas marginal da conexão e se estão precarizadas.

“Dentre a população usuária da internet, 89% utiliza quase todo dia. Essa proporção nas classes D e E é de 78%. Eles também fazem menor uso de todas as atividades, menos de mensagem em rede social”, disse o pesquisador. Informações do G1