g1

Quase 150 mil pessoas foram afetadas pelos temporais no Rio Grande do Sul, e a força para reconstruir o que se perdeu vem do trabalho incansável de muitos voluntários. Uma fila de carros e caminhões se formou desde cedo na entrada de Roca Sales. “Saímos às 5h de Sertão Santana, pegamos um pessoal em Guaíba, arrecadamos bastante mantimentos, material de limpeza que estavam precisando bastante”, conta o agente comunitário Alessandro Pereira.

É gente que trocou a folga de sábado para ajudar as pessoas atingidas pela enchente. “Conseguimos três caminhões de doações. As doações foram específicas para materiais de limpeza essa semana. Se cada um fizer um pouco, a gente consegue reerguer essa cidade”, diz o advogado Rodrigo D’Ávila. Um grupo de mais de 40 pessoas preparou lanches para alimentar os voluntários – e mais do que isso.

“A gente trouxe, junto com o alimento para as pessoas, nós trouxemos também ração porque a gente sabe que muitas pessoas aqui na região faz um trabalho com os animais e eles perderam absolutamente tudo”, diz a empresária Paulo Lopes. Muitos estão perdidos pelas ruas. O vendedor Jonas Bernardes percorre a cidade carregado de marmitas. Ele vai de casa em casa e oferece para quem estiver com fome.

“Ontem, a gente fez em torno de umas 70 e, hoje, deve ter dado umas 200 marmitas mais ou menos. É devastador, cara. É um cenário que eu nunca imaginei ver na minha vida”, afirma Jonas Bernardes. Choveu durante o dia e nem isso diminuiu o ritmo de trabalho. São centenas de pessoas que ajudam na limpeza da cidade e das casas dos moradores. Mas quando a gente olha assim, vê que ainda há muito por fazer.

O empresário Roger Oliveira trabalha com sucatas. Ele e um amigo levaram seis caminhões com equipamentos para retirar os entulhos acumulados nas ruas. Cada um pode carregar até 15 toneladas. “Estamos desde ontem aí, pretendemos ir amanhã, até segunda, terça, enfim… Até a gente poder ajudar o máximo que a gente puder”, diz. Como sujeira para limpar é o que não falta, o batalhão solidário circula de balde e vassoura nas mãos.

“Olha gente, é horrível, sabe. É cansativo. E uma que dói no coração de ver o pessoal, o que eles perderam. É muita lama. Nós estávamos em mais de 15 pessoas aqui para limpar, para tirar a lama com os rodos. Horrível, gente”, conta a auxiliar de limpeza Maria Celoir de Quadros. A dona de casa Roseli Berte, que neste sábado (9) recuperou os quadros dos dois filhos no meio da lama, nunca imaginou que o Vale do Taquari pudesse receber toda essa ajuda vinda de tão longe. “Ainda existe alma bondosa, caridosa nesse mundo. Eu não vou chorar porque eu prometi não chorar. Tem que ser forte, tem que ser. Mas nós vamos vencer de novo. Sem desistir”, afirma. G1