O volume de vendas do comércio varejista no Brasil caiu 1% em maio na comparação com abril, segundo dados divulgados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com maio de 2022, também houve queda de 1%, na primeira taxa negativa após nove meses de altas. O indicador acumulado no ano chegou a +1,3% e, nos últimos 12 meses, apontou para alta de 0,8%.
O desempenho de maio ficou acima do esperado pelo mercado: o consenso Refinitiv projetava estabilidade (0,0%) na comparação mensal. A previsão na comparação anual era de uma elevação de 1,95%.
Das oito atividades analisadas pela pesquisa, quatro mostraram queda e quatro subiram. Entre as atividades que registraram queda, o destaque foi para o setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que recuou 3,2%. Isso após apresentar crescimento de 3,6% em abril.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa, explicou em nota que esse é um setor que representa mais de 50% da fatia de todas as informações coletadas pela PMC. Além disso, a atividade vem de uma aceleração em abril, em um fenômeno que serviu para estancar as quedas anteriores.
Para o pesquisador, a conjuntura pressionou o consumidor a fazer opções, que acabaram se concentrando no consumo em hiper e supermercados em abril, o que mudou agora em maio. “É uma espécie de rebote, onde a escolha do consumidor pareceu ser de consumir menos nessa área e consumir mais em outras atividades”, afirmou.
Também houve recuo em outras três atividades: tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%). Segundo Santos, esses setores têm sido afetados pela redução de lojas físicas das grandes cadeias varejistas. E nem mesmo o Dia das Mães, data que costuma aquecer o comércio em maio, conseguiu reverter esse efeito.
Entre as altas, destaque foi do o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com de 2,3% de crescimento em maio. “Embora venham de sucessivos crescimentos, as vendas nessa atividade aceleraram no mês, provavelmente impactadas pelo Dia das Mães”, disse Santos.
As demais três atividades que apresentaram taxas positivas no mês foram: livros, jornais, revistas e papelaria (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%).
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas também apresentou queda em maio, de 1,1%.
A atividade de veículos e motos, partes e peças cresceu 2,1%, enquanto o setor de material de construção teve queda de 0,9%.
A média móvel trimestral foi de 0,1%.
Já no confronto com maio de 2022, o crescimento foi de 3%, no quinto mês consecutivo de variações positivas. O comercio varejista ampliado acumula alta de 3,1% no ano. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação é de 0,2%.
Comparação interanual
Na comparação com maio de 2022 (queda de 1%) também houve equilíbrio na análise setorial, com quatro quedas em oito atividades: Tecidos, vestuário e calçados (-18,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-17,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-6,7%) e Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,9%).
Os quatro setores que apresentaram crescimento em maio nesta comparação foram combustíveis e lubrificantes (10,8%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (7,6%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,5%) e móveis e eletrodomésticos (0,3%).
Considerando o comércio varejista ampliado, o setor de veículos e motos, partes e peças teve crescimento de 1,6%. Já a atividade de material de construção apresentou queda de 2%, enquanto atacado de produtos alimentícios, bebida e fumo cresceu 18,1% entre maio de 2022 e maio de 2023.
Destaques regionais
Na análise regional, o comércio varejista apresentou resultados negativos em 23 das 27 Unidades da Federação na passagem de abril para maio, com destaque para as quedas em Alagoas (-5,9%), Rondônia (-5,3%) e Paraíba (-4,6%).
As altas ficaram entre Tocantins (1,8%), Maranhão (0,4%) e Minas Gerais (0,4%). O Amazonas apresentou estabilidade (0,0%).
Ainda na mesma comparação, o comércio varejista ampliado teve recuo em 22 dos 27 Estados, com destaque para Mato Grosso do Sul (-7,9%), Maranhão (-4,8%) e Minas Gerais (-4,7%).
No lado das altas, destacam-se o Pará (5,8%), o Ceará (2,3%) e o Amazonas (1,9%).