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Falta de ar, cansaço e chiado no peito são sintomas que podem indicar que você tem asma. Segundo a Sociedade Baiana de Pneumologia (SPBA), a doença atinge 10% da população baiana. Cerca de 10,3 mil pessoas foram internadas por causa de crises asmáticas na Bahia em 2023, com 220 mortes. Neste ano, até o momento, já são 811 internados e 66 mortos vítimas da doença.

Nesta terça-feira (7), é celebrado o Dia Mundial da Asma, por isso, é fundamental estar atento. Segundo a pneumologista Larissa Voss, a doença costuma ser acompanhada de outros problemas respiratórias como rinites alérgicas. Dados da Fundação ProAR, ligada a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Famed/UFBA) apontam que 80% dos asmáticos possuem rinite.

“Os sintomas de piora da asma podem começar com a piora no controle da rinite, que acaba evoluindo com uma crise dos sintomas da doença, como tosse e falta de ar. Esse é uma época do ano muito comum de crises por conta da maior incidência de viroses e circulação de vírus”, diz.

A asma é uma doença crônica e não tem cura. Larissa conta que os especialistas trabalham com um conceito de remissão, no qual a doença pode ficar adormecida por muitos anos e voltar em qualquer momento da vida. Diversos fatores podem desencadear uma crise como a exposição a poeira, mofo, produtos químicos, entre outros.

“Grande parte dos pacientes vêm de história familiar e desenvolvem na infância. Mas a asma pode acontecer em adultos sem histórico familiar e que nunca tiveram a doença. É importante manter o acompanhamento médico e o tratamento, geralmente feito com corticoides inalatórios [bombinha] para manter uma qualidade de vida”, continua.

O biomédico Jefferson Monteiro, 32 anos, convive com a asma desde o nascimento. Ele conta que ficava internado com frequência devido às dificuldades respiratórias causadas pela doença.

“Uma vez eu estava em um ambiente aberto e fiquei com falta de ar. A sensação era de estar em um lugar abafado, tentando buscar o ar e sem conseguir. É agoniante porque eu queria respirar e não conseguia. Meus amigos perceberam a crise e me deram uma bombinha rápido e a crise abaixou”, diz.

Para o tratamento da doença, ele utilizou remédios e fez fisioterapia da respiração. Após um médico recomendar a prática de atividade física e ele começou a praticar judô e jiu-jitsu.

“Depois que eu comecei, não fiquei mais internado devido às crises de asma. Também aprendi a controlar a respiração e diminui o uso dos medicamentos. Apesar de ainda cansar mais rápido do que as pessoas que não têm a doença, eu consigo competir em pé de igualdade”, conta.

O engenheiro Vinicius Jesus, 24 anos, foi diagnosticado com asma ainda na infância. Ele fez uso constante da bombinha até os seis anos de idade. Aos dez anos, ele começou a fazer aulas de natação que ajudaram com os problemas respiratórios.

“Com o tempo as crises e a necessidade do uso da bombinha foram diminuindo. Recentemente eu fiz um exame de espirometria [que mede a capacidade respiratória] e o resultado não teve nenhum tipo de alteração”.

O tratamento da doença é feito através de corticoide inalatório, através das ‘bombinhas’ e varia de acordo com a severidade da doença, com a necessidade de associação a outros medicamentos em casos mais severos.

O acompanhamento pode ser feito de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). No Hospital Especializado Octavio Mangabeira (HEOM), localizado no bairro do Pau Miúdo, em Salvador, os pacientes podem ter o acompanhamento das formas geral e grave da doença.

No Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), no bairro do Canela, o tratamento é disponibilizado para quadros leves e graves de asma. O acesso é feito através do sistema de regulação. Outro local na capital é a sede da Fundação ProAR, localizada na Avenida Carlos Gomes, que atende apenas pacientes com asma grave. No interior o tratamento é feito através da Bases Regionais de Saúde e Núcleos Regionais de Saúde

O SUS também oferta medicamentos para as formas leve e grave da doença: corticoides inalatórios, para a forma leve, administrado através das bombinhas e Omalizumabe e Mepolizumabe, administrados por via subcutânea para a asma grave.

“Apesar de serem distribuídos gratuitamente, os medicamentos devem ser recomendados por um pneumologista após uma avaliação extremamente criteriosa. Em casos mais leves devem ser administrados os corticoides inalatórios que atuam na região inflamada e possuem um efeito colateral mínimo”, finaliza Larissa. Correio da Bahia