O Instituto Datafolha divulgou na segunda-feira (23), uma pesquisa apontando que 65% dos brasileiros acham que a situação da economia vai melhorar nos próximos meses. O estudo revela que a população está otimista com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Para analistas, o momento favorece esse tipo de análise positiva, baseada num conhecimento ainda superficial sobre a política econômica do pesselista.

 

Diante da alta taxa de desemprego, há mais esperanças de que as ações do futuro chefe do Executivo deem certo. A expectativa otimista, de 65%, é o índice mais alto na série histórica, que começa em 1997, no governo FHC. No levantamento anterior, em agosto deste ano, 23% dos entrevistados diziam que a situação da economia vai melhorar nos próximos meses.

 

Já 67% dizem acreditar que estarão em melhor situação econômica pessoal à frente. Em agosto, eram 38%. O Instituto Datafolha ouviu 2.077 pessoas em 130 municípios nos dias 18 e 19 de dezembro. A pesquisa também aponta que 47% dos brasileiros acreditam que o desemprego vai cair, 43% acham que seu poder de compra vai aumentar e 50% apostam que a crise econômica vai acabar logo e o País voltará a crescer segundo o Folhapress.

 

Para o cientista político Rudá Ricci, o estudo revela uma situação específica: a população, especialmente com a proximidade do Natal, está desejando um País melhor. “O efeito político é nenhum. Esse resultado bate com a outra pesquisa (do Ibope) sobre expectativa acerca do governo. É preciso ver o governo entrando em campo e aí vem uma pesquisa, no final do primeiro semestre, que poderá aferir alguma coisa”, pondera Ricci.

 

“A menos que o Bolsonaro cometa o mesmo erro que a (ex-presidente) Dilma (Rousseff, PT) cometeu em 2015, mudando completamente a linha que lhe deu voto na eleição”, argumenta. Segundo o especialista, o presidente eleito e seus aliados, entre os quais o futuro ministro da Economia Paulo Guedes, defendem uma política econômica, que não ficou clara durante a campanha, muito próxima da linha adotada pelo presidente Michel Temer.

 

“É a mesma política do Joaquim Levi (ex-ministro da Fazenda e futuro presidente do BNDES) e do Temer. Tem aquela coisa da Reforma da Previdência, é a mesma linha. E já ficou muito nítido que entre 80% e 90% da população rejeita essa agenda”, pontua o cientista.

 

“A população brasileira quer que mude as coisas e é natural. Mas, diante desse programa econômico, as expectativas não são positivas, porque há um quadro de desigualdades sociais que poderá ser agravado com uma política ultraliberalista como a do Paulo Guedes”, acredita.