© Andre Borges/Agência Brasília

Dos mais de 9 milhões de jovens fora da escola que não concluíram a educação básica, cerca de 7 milhões ainda têm a intenção de retomar os estudos, o que equivale a 73% do total. É o que mostra a pesquisa Juventudes fora da escola, da Fundação Roberto Marinho e do Itaú Educação e Trabalho divulgada na segunda-feira (11).

O desejo é maior entre as mulheres (78%), mas também é alto entre os homens (69%). Para a maioria, a vontade é de retornar para o ensino médio técnico, que permite combinar a educação básica com um curso de tecnólogo.

“O fato de termos mais de 9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não frequentam a escola e não concluíram a educação básica revela uma preocupante ‘tolerância’ da sociedade brasileira em relação à exclusão educacional dos mais vulneráveis”, afirma Rosalina Soares, a assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho.

Segundo ela, a maioria desses jovens vem de famílias com renda per capita de até 1 salário-mínimo, sendo que sete em cada 10 são negros. “É alarmante constatar que 86% deles já ultrapassaram a faixa etária adequada para frequentar o ensino regular. Enquanto para os jovens das camadas mais privilegiadas é praticamente uma formalidade concluir o ensino médio, para as juventudes mais vulneráveis, a violação do direito à educação não tem recebido o devido cuidado”, completa Rosalina.

Entre as principais razões apontadas por aqueles que ainda pretendem terminar o ensino médio estão:

  • a perspectiva de melhora da condição profissional, seja para ter um emprego melhor (37%) ou arrumar um emprego (15%),
  • seguido pelo desejo de cursar uma faculdade (28%).

“Não seremos uma nação justa e economicamente forte se permitirmos que dois em cada dez jovens cheguem à vida adulta sem ao menos o ensino médio”, conclui a especialista da Fundação Roberto Marinho.

Ainda de acordo com o levantamento, 77% dos jovens que saíram da escola e pretendem concluir o ensino médio têm intenção de cursar o ensino técnico. Na visão dos pesquisadores, é uma sinalização da importância do preparo para o mundo do trabalho na escola para que os que estão fora retornem à sala de aula.

Para Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, a pesquisa reforça a urgência de políticas públicas e iniciativas intersetoriais para garantir educação de qualidade e preparo para o mundo do trabalho para as juventudes.

Ana afirma que os dados revelam a questão do mundo do trabalho como central na decisão desses jovens que estão fora da escola, seja na tomada de decisão para interromper os estudos, seja para retomá-los.

“Temos o compromisso constitucional de, na escola, formarmos profissionalmente os jovens, para que eles tenham condições de garantir inserção produtiva digna e dar sequência na carreira que desejarem optar. Fortalecer a Educação Profissional e Tecnológica é fundamental nesse sentido, para que os jovens tenham formação adequada e alinhada às tendências do mundo do trabalho, assim como é urgente criarmos condições para que essa parcela da população estude e tenha oportunidades profissionais”, avalia Ana Inoue. G1