incêndio que tem consumido a vegetação nativa da cidade de Barra, no oeste da Bahia, continua preocupando os moradores da região. O combate ao fogo já dura dez dias, mas ainda há chamas a serem debeladas. Não há registro de feridos. O incêndio, que já atingiu vários povoados, chegou muito perto de casas e de algumas outras propriedades. Os moradores contam que nunca viram fogo de proporções tão grandes na região.

“A gente não esperava esse fogo. Esse fogo veio do nada. A gente trabalhava em outro canto e quando a gente observou já foi esse fogo desastrado aqui. Todo mundo apavorado, a gente nunca tinha visto uma coisa dessa. Quando a gente viu, esse fogo já estava pegando em tudo, as casas todas perto. Os bichos aqui. Acabou com tudo”, disse o lavrador Viltomar da Silva.

O incêndio, que já considerado o maior da história da cidade pelas autoridades locais, também surpreendeu o comerciante Antônio Luís Brás. “Eu nunca vi uma coisa igual, não. Foi uma coisa de uma hora para outra. Detonou tudo, parecendo que ia acabar com o mundo. Aquele [barulho], o fogo subindo. Juntou todo mundo da região para limpar. Os aviões ainda ajudaram com a água, mas foi uma coisa mesmo de surpreender”, relatou.

Durante a semana, os bombeiros chegaram a dizer que a proporção da área atingida passa dos 1.500 hectares, que equivale aproximadamente 1.500 campos de futebol. No entanto, o dado ainda não foi atualizado, conforme os bombeiros, porquê as chamas ainda estão avançando em alguns pontos.

O secretário de Meio Ambiente de Barra, Herberto Machado, comentou a situação. “Tá sendo muito difícil. [O fogo] Está em áreas complicadas de acesso. Só através de aviões e o pessoal por terra dando apoio para fazer o combate eficiente”, afirmou.

Dez famílias que vivem em uma comunidade quilombola da zona rural da cidade tiveram que deixar as casas, e só puderam voltar depois que o fogo foi contido no local. Seis povoados da zona rural já foram atingidos pelo incêndio.

São 18 bombeiros militares, quatro brigadistas voluntários e quatro aviões no combate ao fogo, que se revezam lançando mais de 160 mil litros de água por dia. O tempo seco, o calor e os ventos fortes dificultam o combate às chamas. Na quarta-feira (23), outras duas aeronaves foram enviadas para ajudar os bombeiros que atuam no incêndio.

“O fogo, quando a gente perde o controle … um local desse aqui é muito difícil. A natureza sofre muito. Vários animais silvestres mortos”, relatou Álvaro Serrão, tenente do Corpo de Bombeiros. O tenente ainda falou sobre os danos sofridos pelo meio ambiente.

“A vegetação, a gente perde, a biodiversidade perde muito com isso. A gente não tem como dimensionar até quando vai. A gente só pode dizer que só vamos sair daqui quando finalizar essa operação, combater esse incêndio”, disse.

Uma perícia feita no local onde o fogo começou, na comunidade de Porto Novo, a 60 km de Barra, mostrou que o incêndio pode ter começado a partir de uma queima para renovação de pastagens e perdeu o controle. Os especialistas ambientais acreditam que mais de 90% dos incêndios em vegetação começam a partir da ação humana, principalmente pra limpeza de área por agricultores. G1