(Paula Froes/Correio)

Quatorze meses após a primeira morte por covid-19, a Bahia atingiu, nesta última terça-feira (18), a marca de 20 mil óbitos pela doença. Especialistas ouvidos pelo Metro1 indicam que, desde o primeiro pico da pandemia, em junho de 2020, os indicadores no estado vêm se mantendo altos e são agravados em momentos onde há aglomerações, como é o caso de feriados. Além disso, as variantes são uma preocupação mencionada.

“Desde quando a gente teve o pico no ano passado, nunca mais voltamos a níveis muito baixos. A gente manteve sempre níveis em um patamar elevado e com picos que surgiam após momentos de maiores flexibilizações”, explica a médica infectologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia.

O farmacêutico e professor de microbiologia na Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gúbio Soares, concorda com a avaliação. De acordo com ele, durante as flexibilizações ocorrem aglomerações, responsáveis por aumentar o contágio da doença. “Esse crescimento é consequência da falta de conscientização da população, que se aglomera e não respeita as restrições”, diz.

Alguns desses momentos, já observados, foram citados por Fernanda. “As eleições, as festas de final de ano, o São João…”, lembra. O professor ainda relaciona o último pico de casos no estado com o Dia das Mães, há dez dias, quando as famílias se reuniram para comemorar a data. “A preocupação agora é que as pessoas no interior não respeitem as restrições durante o São João”, diz Soares.

Sem um controle dos casos da doença e com a vacinação em um ritmo lento, as variantes do vírus vêm surgindo, agravando a crise sanitária. “Com o número de casos ainda muito grande, uma situação vacinal insuficiente e a flexibilização do comércio em um momento onde os casos não estão controlados, há um agravamento e o aparecimento de variantes”, afirma a infectologista. “Elas têm um poder de contágio muito grande”, complementa o farmacêutico.

Segundo Fernanda, a situação atual da Bahia “é de difícil controle”. A pesquisadora afirma que um novo colapso do sistema de saúde só pode ser evitado com a adoção das seguintes medidas, em conjunto: distanciamento social e utilização de máscaras; celeridade da vacinação; aumento de testagens para a identificação e rastreio de casos do coronavírus. “De uma certa forma, a população está cansada das restrições, mas elas são necessárias para evitar o crescimento dos casos”, finaliza Soares. (Metro1)