Eduardo Deconto/Globoesporte

Na estreia como técnico do Vitória, Ramon Menezes mostrou versatilidade e eficiência para mudar a dinâmica da partida. O plano inicial, com o sistema defensivo reforçado e o ataque menos povoado, não parecia o ideal, já que o time baiano precisava vencer para se classificar. No entanto, ao longo do jogo, o treinador colocou peças mais ofensivas, abriu a equipe e teve participação importante na construção do placar de 3 a 1 sobre o Internacional, que garantiu ao Rubro-Negro o direito de avançar na Copa do Brasil.

Diante do Internacional no Beira-Rio, Ramon Menezes decidiu escalar três zagueiros. O Vitória entrou em campo com Lucas Arcanjo; Raul Prata, Marcelo Alves, Wallace, Mateus Moraes e Roberto; Gabriel Bispo e Pablo Siles; Soares, Ygor Catatau e Samuel. A formação tinha como objetivo reforçar a defesa e soltar mais os laterais, que poderiam auxiliar o sistema ofensivo.

Mas Roberto e Raul Prata não são conhecidos exatamente pelo potencial no campo de ataque. Assim, a equipe basicamente pressionou a saída de bola do Internacional em busca de uma roubada de bola que pudesse render uma oportunidade de gol. E, na maior parte do primeiro tempo, Daniel trabalhou muito mais com os pés, em bolas recuadas, do que com as mãos. O goleiro colorado fez apenas uma defesa, em chute de Guilherme Santos.

A linha de marcação avançada dificultou as ações da defesa do Inter. Só que, no momento em que o Colorado conseguia passar dessa primeira barreira, não encontrava qualquer oposição no meio-campo rubro-negro.

Por mais de uma vez, Taison, Edenilson e Patrick carregaram a bola por longa distância e encontraram espaço para jogadas que renderam finalizações. A linha de cinco defensores também não resultou em segurança pelas laterais, com Patrick e Taison jogando nas costas de Roberto e Raul Prata.

A produção ofensiva do Vitória já era ruim quando Soares foi substituído após se queixar de dores na virilha. Guilherme Santos entrou na vaga do meia. No intervalo, Ramon Menezes começou a mudar a cara da equipe. Fernando Neto e David substituíram Ygor Catatau e Mateus Moares, respectivamente. Assim, o esquema com três zagueiros deixou de existir.

Mais ofensivo, o time baiano ganhou uma vantagem logo no início da segunda etapa, com a expulsão de Pedro Henrique pelo segundo amarelo. Com um a mais em campo, o Rubro-Negro passou a ocupar mais o campo de ataque, mas não escapou de sustos. Lucas Arcanjo, que já havia feito defesas importantes na primeira etapa, voltou a ser decisivo para livrar a barra da equipe.

Ramon Menezes aproveitou que a equipe produzia mais e colocou Dinei em campo para ter mais presença de área. E a substituição foi decisiva para o Vitória abrir caminho para a classificação. Após jogada construída desde o campo de defesa, o centroavante acertou um chutaço de fora da área. A bola bateu no travessão e sobrou limpa para Samuel, que não marcava há sete jogos, encerrar o jejum. O treinador, contudo, também foi apresentado a um dos defeitos da equipe do Vitória: a bola aérea. Em cobrança de falta na área, Cuesta ajeitou de cabeça para Johnny empatar a partida.

Em termos anímicos, o empate não foi um golpe tão duro, já que Eduardo, que havia acabado de entrar na partida, deixou o Vitória mais uma vez na frente do placar pouco tempo depois. A classificação veio dos pés de mais um reserva. Guilherme Santos aproveitou cruzamento de Raul Prata e marcou o terceiro gol rubro-negro. Ramon Menezes terá, portanto, dois Vitórias para analisar.

O do primeiro tempo, defensivo e com atuação ruim. E o da segunda etapa, mais agressivo no campo de ataque. Para o torcedor rubro-negro, fica a expectativa de que o último seja aquele que marcará a passagem do treinador pela Toca do Leão. Após uma estreia de repercussão positiva, o técnico terá mais alguns dias para conhecer melhor o elenco e implementar novas ideias. O Vitória volta a jogar no domingo, às 20h30, contra o Operário, no Barradão, pela 3ª rodada da Série B. (Globoesporte)