Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

Pela primeira vez em 2024, o time principal do Bahia não conseguiu ser impositivo. Além de chegar poucas vezes ao ataque no Ba-Vi do último domingo, no Barradão, o Tricolor foi vulnerável defensivamente e perdeu de virada, por 3 a 2, para o Vitória. Em resumo, o time de Rogério Ceni não passou no primeiro teste de Série A da temporada.

O Bahia teve 53% de posse de bola contra 47% do Vitória, mas não conseguiu ter controle das ações. Sem a mesma força ofensiva, seja por perder as disputas individuais ou por não conseguir romper as linhas de marcação, o Tricolor teve que vivenciar uma nova realidade na temporada e não foi feliz em busca de maneiras de se ajustar nesse cenário.

Sem poder contar com Biel, gripado, o técnico Rogério Ceni escalou Thaciano aberto pela esquerda e Everaldo como centroavante. A formação aplicada em campo, um 4-3-3/4-1-2-1-2 quase padrão, teve menos movimentações e variações que em partidas anteriores.

Além disso, quem esperava um Bahia com linhas altas nos primeiros minutos viu uma postura diferente, principalmente por causa da dificuldade na troca de passes na defesa para se livrar da marcação adversária que estava adiantada.

Desta maneira, inclusive, que o Tricolor sofreu gol. Gilberto errou passe para o meio, e a bola foi levantada na área. David Duarte ficou distante de Alerrandro, e Juba ficou indeciso em quem marcar. Com isso, deixou Osvaldo livre para finalizar e abrir o placar. Adriel chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol em chute defensável.

Mas a dificuldade para sair de trás abriu caminho para o Bahia mostrar uma característica pouco utilizada em 2024: a transição rápida. Em lance que contou com desarme de David Duarte e participação de Jean Lucas e Cauly, Everaldo lançou boa bola para Thaciano, desta vez pela direita, finalizar e empatar o jogo. Um contra-ataque de manual.

O primeiro teste mais forte da temporada também mostrou que o Bahia precisa melhorar a transição defensiva, algo que o próprio Ceni deixou claro em entrevistas coletivas anteriores. Em uma cobrança de escanteio tricolor, inclusive, Everton Ribeiro não conteve o lance no ataque, e Osvaldo saiu cara a cara com Adriel, que defendeu a finalização.

Vale ressaltar que, nessa jogada, Jean Lucas e Caio Alexandre ficaram para trás, mas o que chamou atenção foi que o Tricolor posicionou o time todo na área, com Jean, Caio e Everton muito próximos da região.

No fim do primeiro tempo, o Bahia virou a partida em lance no qual contou com espaço pela esquerda para trabalhar a jogada. Thaciano e Juba trocaram figurinhas, e o lateral cruzou na medida para Everton Ribeiro aparecer como elemento surpresa e balançar a rede de cabeça.

Apesar da pouca produtividade ofensiva, algo raro até então, o Bahia foi eficiente nas finalizações. Mas a principal lição do primeiro tempo é que o time precisa melhorar a sua resistência defensiva.

Queda acentuada na etapa final

No início da segunda etapa, o Bahia voltou a sofrer com a intensidade aplicada pelo adversário e perdeu Thaciano. Rogério Ceni preferiu substituir o camisa 16 por Rezende e avançar Juba para o ataque. Decisão que se mostraria errada minutos depois.

O Bahia no segundo tempo:

Mas o Bahia seguiu com dificuldade para trocar passes no meio-campo e controlar os contra-ataques do Vitória. Em lance que Osvaldo finalizou livre da grande área, David Duarte saiu para marcar Mateus Gonçalves no outro lado do campo porque Kanu e Gilberto já estavam batidos.

Com isso, Ceni fez mais duas alterações e colocou Yago Felipe no lugar de Everton Ribeiro, além de Ademir na vaga de Caio Alexandre. Com isso, Juba voltou a ser lateral, e Rezende posicionou-se como volante. Se o meio-campo já estava deixando a desejar, a saída de duas peças cruciais piorou tudo.

O Bahia após as mudanças de Ceni:

O Tricolor só conseguiu trocar passes pela primeira vez na zona de ataque e finalizar com Gilberto da grande área aos 18 minutos da etapa final. O cenário piorou na metade do segundo tempo, quando Rezende foi expulso após receber dois cartões amarelos com 20 minutos em campo.

Logo em seguida, após bola perdida por Cauly na saída para o ataque, o Bahia mostrou-se desorganizado taticamente, tanto que a área ficou livre para Osvaldo cabecear e empatar após cruzamento do lado direito defensivo. Ademir, que saía para o ataque, não teve tempo de voltar para marcar o cruzamento de Matheusinho. Além disso, Gilberto ficou dentro da área e deu muita liberdade ao meia rubro-negro.

Com um jogador a menos e com o jogo recém-empatado, Ceni colocou Gabriel Xavier e Cicinho (saíram Adermir e Zé Hugo), fez uma linha de cinco defensiva com os dois jogadores que entraram e soltou Juba, mas o Bahia não suportou a pressão adversária porque mostrou-se incompetente também na bola parada.

Após cobrança de escanteio na primeira trave, Cicinho perdeu a disputa aérea para Alerrandro. A finalização do atacante foi nas mãos de Adriel, mas o goleiro não conseguiu espalmar. Em entrevista coletiva após o jogo, Ceni citou que esse tipo de cobrança era esperado. Com o placar adverso, o Bahia ainda terminaria a partida com Jean Lucas expulso.

– No primeiro gol saímos jogando de forma equivocada. No terceiro gol foi bola parada, que nós vimos que era ponto forte do Vitória. Vamos sofrer gols, mas propiciamos ao Vitória ter as oportunidades. Nós cometemos erros bobos que saíram gols – lamentou Ceni.

Jogo tem várias fases

A derrota mostrou que o Bahia precisa corrigir muitas situações, principalmente defensivas. Além disso, é importante ressaltar que o jogo não tem apenas uma fase. O Tricolor se acostumou a jogar com a bola e tendo um adversário acuado, mas o clássico escancarou que saber controlar a fase defensiva é fundamental. O time de Ceni fez dois gols, mas o frágil jogo sem a posse foi crucial para o resultado negativo. Globoesporte