O apresentador Serginho Groisman foi o convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura, desta última segunda-feira (31), e, em determinado momento, foi indagado pelo jornalista Alberto Pereira Jr, do Trace Trends, da RedeTV!, sobre um episódio polêmico que aconteceu no Altas Horas.

Em 2018, a dupla César Menotti & Fabiano contou uma história concluindo que “samba é coisa de bandido”. O entrevistador então quis saber a reflexão que aquele episódio trouxe para o global, levando em consideração o debate do racismo estrutural, já que o samba é originário da população negra, e questionou se na atual equipe há profissionais negros.

“Essa dupla [sertaneja] já esteve no programa várias vezes antes e já havia contado essa história. Essa história, basicamente, é como um irmão é um pouco mais inteligente, e o outro comete barbaridades. Eles pegaram uma piada, uma história, que foi contada por um sambista, que ia ao presídio e que um dos dois [cantores] sempre se atrapalhava. O César Menotti falava uma coisa, o Fabiano retrucava de um jeito totalmente estabanado”, iniciou.

“Uma história que era engraçada e, na verdade, não se prestou atenção no final, onde eles falam: ‘Mas samba é coisa de bandido’. Essa história começou a refletir de uma maneira por um lado muito coerente, muito certo, porque as pessoas se sentiram atingidas e falando: ‘Samba é coisa de negro, negro relacionado com bandido e não está correto'”, contextualizou.

Serginho então disse que no primeiro momento o assunto passou desapercebido, mas que depois optou por deixar ir ao ar. “Na verdade, eu não iria tentar censurar ou cortar alguma coisa que foi dita. A repercussão foi muito garante, realmente”, confessou.

“Então, sim, a gente teve que fazer uma reflexão. Mas, de nenhuma maneira, eu acredito que a gente tenha deixado de dar espaço a quem merece, de dar espaço às pessoas que por alguma maneira se sentem prejudicadas, seja por gênero, raça ou qualquer atitude não democrática”, reforçou. Sobre a existência de diversidade no seu ambiente de trabalho, ele revelou.

“Na minha equipe já teve negros. Nesse momento, não. Mas se a gente falar de gêneros, têm. Acho que uma atitude que a gente tem perante a sociedade tão clara durante tantos anos tem sentido nesses momentos em que a gente faz uma reflexão um pouco mais profunda”, atentou. Em outro momento, disse ainda que o episódio não chamou atenção para a população carcerária, que também estava sendo atacada. Assista: