Após o parecer do perito contratado pela família da adolescente Hyara Flor contestar a versão do laudo emitido pela policia sobre o assassinato da adolescente, o Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT-DPT) informou, na quinta-feira (21), que a Coordenadoria Regional de Polícia Técnica de Porto Seguro recebeu um ofício do Ministério Público (MP-BA) com perguntas complementares sobre o laudo oficial.

A versão apresentada pela Polícia Civil (PC-Ba), emitida em agosto, concluiu que o disparo que matou a vítima foi feito de forma acidental pelo cunhado dela, uma criança de nove 9 anos, enquanto os dois brincavam com uma pistola calibre 380. Em contrapartida, o laudo do perito Eduardo LIanos, profissional de São Paulo, com 30 anos de experiência na área, concluiu que o tiro não pode ter sido disparado por uma criança de 9 anos.

Segundo o DPT, as respostas serão enviadas ao Ministério Público assim que o trabalho for concluído, sem informar previsão nem conteúdo das perguntas. A advogada Janaína Panhossi, que representa a família de Hyara Flor, revelou que o parecer técnico foi entregue ao MP há cerca de 20 dias, e disse que o órgão pediu novas investigações para a Polícia Civil (PC-Ba).

Questionada, a Polícia Civil afirmou que “o ofício foi direcionado ao DPT”. A reportagem entrou em contato com o Ministério Público da Bahia pedindo um posicionamento sobre o envio do ofício e aguarda retorno.

Ainda segundo Janaína, a família de Hyara recebeu a notícia com esperança. “A família ficou esperançosa, porque quando houve a conclusão do inquérito eles ficaram consternados, não acreditavam no que foi concluído pela polícia. Então é uma sensação de esperança de que haja uma responsabilização pelo crime que vitimou Hyara”, contou.

Contestação

No dia 11 de agosto, o pai de Hyara Flor, Hiago Alves, publicou um vídeo nas redes sociais contestando o inquérito que apurou a morte da adolescente de 14 anos. “Estou aqui indignado e revoltado, mas já esperava esse inquérito policial. O senhor [o delegado] ouviu três pessoas manipuladas que tiveram tempo suficiente para manipular”, acusou o pai da vítima no vídeo.

“Eles estavam soltos esse tempo todo, saíram correndo sem prestar socorro para a minha filha. Eu e minha família estamos muito tristes e revoltados com isso, estamos sofrendo há 40 dias e aí vem uma resposta dessa”, ainda destacou Hiago.

O tiro que matou Hyara atingiu o queixo dela. O delegado da Polícia Civil Robson Andrade, responsável pela investigação do caso, explicou que a criança de 9 anos, apontada como autora dos disparos, teria saído da residência na hora do crime e dito ao pai que disparou contra a adolescente.

“Além de oitivas com testemunhas no local, analisamos imagens das câmeras de segurança do local e, logo após o disparo, o cunhado de 9 anos sai da casa com as mãos na cabeça e diz: ‘Pai, eu matei Hyara! Isso é observado pelas câmeras e confirmado por testemunhas”, relatou o delegado, informando que a criança chegou a pedir para ser morta.

Hyara Flor foi morta em julho deste ano em Guaratinga, no sul da Bahia. O marido da vítima, de 14 anos, era o principal suspeito. Ele foi apreendido no último dia 26 de julho, no Espírito Santo, e solto no dia 14 de agosto, após o cunhado de 9 anos da adolescente assumir a autoria do disparo. Correio da Bahia