Futuro ministro da Casa Civil e coordenador da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse nesta última segunda-feira (29) que a área econômica será a prioridade da transição com o governo Michel Temer (MDB). Onyx reforçou que o Banco Central deve ser independente, com metas, mas evitou falar em nomes para o comando da instituição.

 

Nesta terça (30), Bolsonaro e os articuladores políticos terão uma reunião com o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia (atual Fazenda) para tratar das diretrizes econômicas da gestão. “A área mais sensível e que terá a primeira atenção é a econômica. Teremos conversa amanhã com Paulo Guedes, que vai nos fornecer os primeiros nomes”, disse Onyx.

 

O futuro ministro disse que a decisão de manter o Banco Central independente vem desde novembro de 2017. “Conceitualmente temos Banco Central independente, com o presidente do BC com metas a cumprir. Terá que ter compromissos na área inflacionária ou na área de juros para manter dentro de níveis compreendidos dentro da equipe econômica como desejáveis para o Brasil”, disse segundo informações do Econômico Valor.

 

Questionado sobre se o futuro governo irá mexer nas metas, desconversou. “Não vamos mexer, mas vamos adequar. Não é minha decisão, é do Paulo Guedes”, disse, referindo-se ao futuro ministro da Economia. O parlamentar afirmou que a gestão Bolsonaro irá “mudar completamente a gestão pública” e disse que o projeto para orçamento de 2020 “é base zero”.

 

Câmbio

Questionado especificamente sobre metas para o câmbio, para explicar recente declaração de Jair Bolsonaro sobre o tema, Onyx demonstrou pouca segurança sobre o assunto e desconversou. “Esta é uma conversa que vocês vão ter com Paulo Guedes objetivamente. Comigo, conceitualmente se nós temos uma situação de país que precisa ter inflação sobre controle , tem que ter variações para aceitar que a inflação esteja dentro de uma variação conceitualmente razoável para manter emprego, trabalho, renda”, disse.

 

“Do outro lado tem que ter juros exatamente dentro de uma determinada variação”. Confrontado se estava defendendo o modelo de banda para o câmbio, negou. Onyx disse que o futuro governo Bolsonaro ainda está sendo construído, mas disse que a meta é dar previsibilidade na área econômica.

 

“Tudo isso está sendo constituído. Normalmente no Brasil se começava com os projetos. Vinha tudo arrumadinho, embalado pelo marqueteiro. No nosso governo não tem nada pronto. Tem os conceitos bem estabelecidos para criar uma nação forte”, declarou. A prioridade, disse, é construir “na área econômica segurança jurídica e previsibilidade”. “Sem previsibilidade não tem investimento.”

 

Reforma da Previdência

Lorenzoni (DEM), pré-anunciado como ministro-chefe da Casa Civil do novo governo Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira (29) que o presidente eleito não pretende levar adiante a proposta de reforma da Previdência enviada por Michel Temer ao Congresso. Onyx chamou o projeto de Temer de “remendo” e disse que sua visão – ainda “em processamento” na equipe de Bolsonaro – é de que a reforma deve ser feita apenas no novo governo, a partir de 2019, e em outro formato.

 

“Eu defendo que se faça [a reforma da Previdência] de uma única vez lá quando ele [Bolsonaro] já for presidente e algo proposto para 30 anos”, afirmou Onyx em entrevista, mais cedo, à rádio CBN nesta segunda. “Aquilo que foi proposto pelo atual governo era apenas um remendo, como o objetivo de fazer um ajuste curto de caixa que não duraria cinco anos. O que está hoje no Congresso faz um ajuste de curtíssimo prazo”, disse o deputado.

 

Para Onyx, “Previdência não pode ser tratado de olho numa eleição ou numa administração”, mas, sim, “olhando para gerações futuras”. O deputado afirmou que há consenso na equipe de Bolsonaro de que uma das premissas da reforma da Previdência é a separação entre o dinheiro para rede de proteção social e aquele para assegurar aposentadorias de trabalhadores.

 

“Isso nunca foi feito no Brasil e isso precisa ser feito para a sociedade poder entender o que de nossos impostos nós pagamos rede de proteção social, como a gente faz para sustentá-los e dar [a eles] uma condição digna de vida”, afirmou Onyx. “A gente tem que mostrar a verdade para a população brasileira, construir uma proposta que possa não apenas consertar a Previdência Social brasileira mas estimular a poupança interna.”