Foto: Arquivo pessoal/Globoesporte

Na última quarta-feira, o ônibus com a delegação do Fortaleza foi alvo de um atentado após jogo contra o Sport, e seis jogadores precisaram ser levados ao hospital. Diante de um episódio tão grave, a cobrança por punição severa é grande. Contudo, se um caso parecido na Bahia for levado como parâmetro, a perspectiva é de muita espera e pouca definição. Neste sábado, o ataque ao ônibus do Tricolor completa dois anos sem prisões e prazos para julgamentos dos denunciados.

No dia 24 de fevereiro de 2022, o ônibus com a delegação do Bahia foi atingido por rojões e artefatos explosivos na chegada à Arena Fonte Nova, em noite que enfrentaria o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste. Àquela altura, a frustração com o time era alta pelo rebaixamento para a Série B em 2021, além dos desempenhos ruins nos primeiros jogos de 2022.

No Bahia, ficaram feridos o goleiro Danilo Fernandes e o lateral-esquerdo Matheus Bahia (o último já deixou o clube). O primeiro, maior vítima do atentado ao sofrer múltiplos ferimentos, chegou a ser hospitalizado, recebeu 20 pontos e quase perdeu a visão. Por meses, Danilo teve de retirar estilhaços do corpo

As principais autoridades estaduais prometeram rápida investigação e punição aos envolvidos no atentado e, após usar imagens de câmeras de segurança e ouvir testemunhas, a Polícia Civil identificou os quatro homens envolvidos, todos da Torcida Organizada Bamor.

Hugo Oliveira da Silva Santos, Janderson Santana Bispo, Marcelo Reis dos Santos Junior e Marcelino Ferreira Barreto Neto foram denunciados pelo Ministério Público por tentativa de homicídio em setembro e respondem em liberdade. À época, Otto Lopes, advogado que representa a Bamor, afirmou que, no dia do ataque, seus clientes soltaram fogos como forma de incentivar o time antes da partida.

Durante esta semana, o ge entrou em contato com o Tribunal de Justiça da Bahia, que informou que a ação penal “encontra-se aguardando citação dos acusados para que seja dado o andamento do rito processual”.

Em outras palavras, o processo está em fase de documentação, quando são reunidas as defesas e dados sobre os acusados. Janderson e Marcelino, por exemplo, ainda não apresentaram defesa. Já Marcelo precisa atualizar alguns dados, como o endereço. Não há, portanto, prazo definido para julgamento.

Marcelino Ferreira Barreto Neto, um dos denunciados pelo MP, e que responde em liberdade, se envolveu em outra situação em setembro do ano passado. Ele foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE) e passou por uma cirurgia na pálpebra após briga entre torcidas organizadas de Bahia e Vitória.

Outro investigado, Janderson Santana Bispo, recentemente participou de uma reunião entre membros da torcida organizada e lideranças do elenco do Bahia. O intuito do encontro era cobrar os jogadores por melhores resultados e desempenhos na reta final da Série A de 2023. Durante a cobrança, que aconteceu nas dependências do clube, Janderson esteve na mesma sala que Danilo Fernandes, principal vítima do ataque ao ônibus. Globoesporte