O Ex-BBB, produtor cultural, diretor, ator carioca Rodrigo França denunciou, no sábado (9), nas redes sociais, a ação de PMs contra dois jovens negros de Salvador que trabalhavam na reforma de um imóvel no Centro Histórico da capital baiana.

Rodrigo, que também é filósofo, cientista social e professor conta que a revista dos PMs, que ocorreu na região turística do Santo Antônio Além do Carmo, foi truculenta e que mesmo os jovens dizendo que trabalhavam no imóvel, eram ironizados e provocados pelos policiais.

O ator registrou um vídeo nas rede sociais fazendo um desabafo pela situação. Testemunhas também chegaram a gravar parte da abordagem.

“Eu estava indo almoçar e dois jovens negros estavam sendo revistados de maneira truculenta, hiper violenta pela Polícia Militar de Salvador. Agora, o policial alegou que foi desrespeitado pelo jovem de 19 anos e levou todo mundo para a delegacia. Covardia. Como ele viu que a gente estava olhando tudo, não quis voltar atrás e disse que foi abuso de autoridade”, contou.

O ator está em Salvador junto com a equipe do espetáculo “Contos Negreiros do Brasil”, a peça terá apresentações no próximo final de semana na capital baiana, mas o grupo atua na divulgação da montagem e tem uma viagem prevista Moçambique na noite deste sábado.

Segundo Rodrigo, ele e sua equipe tentou conversar com policiais, mas sem sucesso, todos foram parar na delegacia. Um dos jovens abordados foi detido e levado na viatura da PM. As demais testemunhas, seis pessoas da equipe de Rodrigo, junto ao ator, apareceram em seguida na unidade policial. O mestre de obras e o outro jovem abordado pela PM também estiveram no local.

Rodrigo destacou que testemunhas diziam que os jovens trabalhavam na reforma de um imóvel do Centro Histórico, mas mesmo assim, os policiais provocavam os rapazes. “Eles [os jovens] não estavam armados, estavam trabalhando. Eles estavam na porta do trabalho, sujos de tinta. Aí um dos policiais chamou reforço de viatura alegando que o rapaz tinha faltado com respeito”, contou.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que policiais militares avistaram dois indivíduos que estavam correndo e entraram em uma casa, em atitude suspeita, que não foi detalhada pela polícia. Os policiais teriam determinado que os indivíduos parassem quando teve como resposta a negativa de um deles, inclusive de desacato aos policiais, com palavras de calão e ameaças à vida dos mesmos.

Segundo a PM, populares sem conhecimento do que estava acontecendo, incitaram os indivíduos que estavam sendo abordado, aduzindo que a abordagem era ilegal e o único motivo era por ele ser negro. Dadas as circunstâncias, os envolvidos foram conduzido para a Central de Flagrantes, por terem cometido crime de desacato. O ator e demais integrantes da equipe negam que os jovens tenham corrido ou ameaçado a vida dos policiais.

A equipe de Rodrigo acionou um advogado para resolver a situação. “Não houve desacato. O que ocorreu foi excesso dos policiais. Eles provocaram para encontrar uma forma de trazer o menino, mas a gente não ia deixar ele vir sozinho”, disse produtora do espetáculo Gabrielle Araújo, que também presenciou a situação e foi para a delegacia.

Gabrielle disse que quando o jovem foi levado, toda a equipe se dispôs a ir na viatura, mas foi negado pelos policiais. “Perguntamos: Vocês vão levar ele para onde? Aí eles [os PMs] disseram: Para Central de Flagrantes. Daí eu disse que nós não éramos daqui e não sabíamos onde ficava, então um deles respondeu: procure no Google. O tempo todo notamos que eles não queriam a gente por perto”, contou.

A produtora destacou que a equipe aguardou até que a situação do jovem fosse resolvida e só deixaram a delegacia na noite deste sábado. “Esperamos porque ele é inocente. O menino foi tratado de maneira agressiva, nitidamente um caso racista. Eles vieram para o trabalho e viver tudo isso é muito triste e agressivo. Não tem como a gente ir embora e fingir que não viu”, concluiu. O jovem foi autuado por desacato a autoridade e liberado na noite deste sábado. G1