(Foto: Nara Gentil/Arquivo CORREIO)

A Bahia registra 25 mortes de crianças, com idades entre 5 a 11, em decorrência da Covid-19. Os dados foram contabilizados pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) do início da pandemia até a última sexta-feira (7). Nesta segunda-feira (10), a capital baiana só tem um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível para crianças. Com relação aos leitos de enfermaria, as vagas são três. A vacinação desse público alvo ainda não foi iniciada na Bahia, nem há uma previsão de quando será começada. O Ministério da Saúde anunciou que o primeiro lote de vacinas pediátricas deve chegar ao Brasil no dia 13 deste mês, e a distribuição aos estados será feita no dia 14.

A imunização de crianças de 5 a 11 anos só foi incluída no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 no dia 5 de janeiro, cerca de um ano após as aplicações no país. Ainda em dezembro, a farmacêutica Pfizer já havia sido autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a vacinar crianças. O infectopediatra do Hospital Estadual da Criança (HEC), Igo Araújo, defendeu a vacinação das crianças entre 5 e 11 anos.

“A vacina tem eficiência e efetividade, a gente não tem o que se questionar, foi testada. Os números que a gente tem próximo, hoje em dia, foram mais de sete milhões de crianças que já receberam as doses da vacinação nos Estados Unidos, mostrando que os benefícios são muito maiores que os riscos”. Igo explicou que a dosagem da vacinação infantil é apenas 1/3 da dose para adolescentes e adultos, com base nos estudos e testes que foram realizados para aprovação do imunizante.

“O estudo dela foi feito com 1/3 da dose do adulto e do adolescente. Alguns pais me questionam se essa dose não seria mais fraca, mas na verdade esse 1/3 da dose foi o suficiente para o que a gente chama de imunogenicidade. O que significa isso? A criança, com 1/3 da dose consegue fazer o perfil de proteção e a produção de anticorpos necessários para proteger contra a Covid”.

“A previsão também será de duas doses, com o intervalo de quatro a oito semanas para fazer a segunda dose”. O modelo de vacinação infantil ainda não foi divulgado, mas deve seguir os mesmos da vacinação dos adultos: por escalonamento de idade, com prioridade para quem tem doenças pré-existentes, as chamadas comorbidades.

“Cada estado tem total liberdade para organizar. Provavelmente vão seguir o mesmo que foi utilizado para as outras faixas etárias: por idade e por perfil de patologias e comorbidades. Quando a gente analisa o hemisfério norte, eles estão na nossa frente tanto na questão da vacinação, e eles estão convivendo agora com o inverno”, avaliou Igo.

“Nós estamos tendo agora vários casos de crianças não vacinadas e internadas. Com o surgimento das variantes, esse perfil de pessoas que não são vacinadas, no caso das crianças por não terem condições ainda, esse perfil de público começa a ser mais suscetível às infecções”. Sobre as reações adversas da vacina nas crianças, o infectopediatra analisa a principal preocupação dos pais, relatada até agora: a miocardite.

“Os mais comuns foram os mesmos que nos adultos. Dor no local da aplicação, que é a [reação] mais normal de todas, dormência do braço, dor de cabeça, dor no corpo. O que mais tem assustado alguns pais é a vacina causar miocardite, que é a inflamação de um músculo de uma parte do coração. Só que, se a gente for analisar, para cada 100 mil crianças, houve um caso de miocardite. A doença causa muito mais do que a vacina”.

“O intuito da vacina é diminuir risco de internação, diminuir chance de UTI, prevenir dores, prevenir sofrimento de pacientes e familiares. Quando a gente fala sobre crianças, a gente fala sobre uma família inteira. Tudo na medicina quando a gente fala sobre risco e benefício, o benefício tem que vencer o risco. E a vacina, o benefício ganha do risco”. G1