A Bahia tem 215 mil famílias, quase 1 milhão de pessoas, com perfis para participarem do programa Bolsa Família, mas que não recebem o benefício, segundo dados do Consórcio Nordeste, divulgados nesta última segunda-feira (20) pela Secretaria De Justiça, Direitos Humanos E Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS). Segundo informações da SJDHDS, em fevereiro deste ano, o estado tinha 180 mil famílias com perfil sem acesso ao programa.

O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Carlos Martins, acredita que o fim do pagamento do auxílio emergencial e o crescimento da fila de pessoas que poderiam receber o Bolsa Família, mas não estão recebendo o benefício, tende a aumentar a crise social vivida pelo Brasil, especialmente nos estados nordestinos.

“Enquanto Bolsonaro e Paulo Guedes se debatem em piruetas e promessas irreais, o povo sofre com o preço astronômico dos alimentos, o aumento da energia e da gasolina. O mais grave são as mais de 844 mil famílias em situação de pobreza e extrema pobreza que estão na fila do Bolsa Família em todo o Nordeste”, disse o secretário.

Carlos Martins afirmou que existe uma ação deliberada para promover ainda mais desigualdades sociais no país. “Há uma ação deliberada em promover essa situação desesperadora que estamos vendo. Por um lado, famílias com renda, mas com poder de compra cada vez menor; e, por outro, famílias sem qualquer renda ou amparo do Governo Federal”, avaliou. Ainda de acordo com o secretário, a crise fiscal impede estados e municípios de realizar programas que neutralizem o problema de forma geral.

“Bolsonaro e Paulo Guedes seguem sem qualquer sensibilidade ao sofrimento das pessoas. Bolsonaro, piada para as elites, é insensível à fome que assola as famílias brasileiras. A fome não espera”, comentou o secretário. Em todo o Brasil, segundo dados do Consórcio Nordeste de julho deste ano, 2.271 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade social estão fora do programa. O número é maior do que o registrado em março deste ano, que foi de 1,880 milhão de famílias.

O que diz o Ministério da Cidadania

O Ministério da Cidadania informou que tem trabalhado para fortalecer os programas sociais e estabelecer uma rede de proteção para a população em situação de vulnerabilidade no país. De acordo com o Ministério da Cidadania, em 2020, foram investidos mais de R$ 365 bilhões em ações que vão desde a primeira infância até a terceira idade. Iniciativas como o Programa Bolsa Família (PBF), o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Auxílio Emergencial reduziram em 80% a extrema pobreza no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo o órgão federal, não houve diminuição no número de contemplados pelo Bolsa Família nesta gestão. Desde abril de 2020, o número de famílias atendidas pelo PBF se mantém acima dos 14 milhões, que conforme o órgão, é a maior média da história. Entre janeiro e abril deste ano, mais de 600 mil novas famílias ingressaram no programa. Atualmente, 14,65 milhões de famílias brasileiras são atendidas, o que representa o maior patamar de cobertura. Em setembro de 2018, eram contempladas 13,7 milhões de famílias.

Na Bahia, de acordo com o Ministério da Cidadania, 1.868.383 famílias são apoiadas atualmente, ante 1.810.640 em setembro de 2018. A série histórica com o número de famílias contempladas pelo PBF, com a distribuição regional, pode ser consultada no site do órgão. O órgão ainda afirmou que o número de contemplados flutua mensalmente por causa de processos de inclusão, exclusão e manutenção de famílias.

Os procedimentos de habilitação, de seleção e de concessão de benefícios são realizados de forma impessoal, por meio de um sistema informatizado. Dessa forma, conforme o ministério, à medida que famílias são desligadas do programa, aquelas habilitadas, ainda não selecionadas, são incluídas gradualmente, por meio do sistema. Para isso são observados a disponibilidade orçamentária e a estimativa de pobreza para cada local, além da ordem de prioridade das famílias. G1